Em sua 96ª edição e prestes a completar um século de existência, a premiação mais importante do cinema negligenciou mulheres por muitos anos
No próximo dia 10 de março, quando acontece a 96ª cerimônia de premiação do Oscar, Justine Triet pode levar o Oscar de Melhor Direção por Anatomia de uma Queda, que ganhou destaque no ano passado ao vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
O longa conta a história de uma escritora suspeita de ter matado o próprio marido e fez de Justine Triet a terceira mulher a conquistar o grande prêmio na história do festival de cinema francês. Antes dela, apenas Jane Campion, com O Piano, em 1993; e Julia Ducournau, com Titane, em 2021, haviam sido vencedoras.
Agora, a produção levou a cineasta a se tornar a 8ª mulher, em quase cem anos de existência do Oscar, a ser indicada à categoria de Melhor Direção, sendo que, até o momento, apenas três delas levaram a estatueta para casa. A seguir, a Rolling Stone Brasil relembra as mulheres que fizeram história na maior premiação do cinema:
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Lina Wertmüller, a primeira indicada
A primeia indicação de uma mulher à categoria de Melhor Direção no Oscar aconteceu apenas na 49ª edição, quase meio século após o início da premiação. A precursora foi a italiana Lina Wertmüller, pelo filme Pasqualino Sete Belezas, de 1975.
Apesar da indicação histórica, a vitória feminina ainda demoraria muitos anos para acontecer. Na edição daquele ano, Wertmüller perdeu a estatueta de ouro para John G. Avildsen (1193-2017), por seu trabalho em Rocky: Um Lutador (1976), primeiro longa do que se tornaria uma grande franquia estrelada por Sylvester Stallone.
Mesmo com Lina Wertmüller indicada em 1977, foi apenas em 1994 que outra mulher foi lembrada na categoria de Melhor Direção no Oscar. Na ocasião, Jane Campion concorreu à estatueta de ouro por O Piano (1993) e, assim como a sua antecessora, não levou ao prêmio, que foi para Steven Spielberg por A Lista de Schindler (1993).
Uma década após a indicação de Campion, foi a vez de Sofia Coppola aparecer entre os indicados Oscar de Melhor Direção por seu segundo longa, Encontros e Desencontros (2003), estrelado por Bill Murray e Scarlett Johansson. Ela não ganhou e, mesmo sendo uma das diretoras de maior prestígio em Hollywood, não voltou a ser indicada à categoria até hoje.
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Kathryn Bigelow, a primeira vencedora
Em 2010, na 82ª edição do Oscar, finalmente veio a primeira vitória de uma mulher na categoria. A dona do feito foi Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror (2008), que também se tornou o primeiro filme dirigido por uma mulher a conquistar a categoria de Melhor Filme na história do Oscar.
Em 2018, Greta Gerwig se tornou a 5ª mulher a concorrer ao Oscar de Melhor Direção por Lady Bird: A Hora de Voar (2017). No entanto, foi só em 2021 que Chloé Zhao se tornou a segunda mulher a vencer a categoria de Melhor Direção, com Nomadland (2020).
Ela fez história ao se tornar a primeira mulher não-branca a conquistar a categoria e o seu filme a levou a repetir o feito de Bigelow uma década antes, ao conquistar a estatueta de Melhor Filme, o mais prestigiado prêmio do Oscar.
O ano de 2021 foi ainda mais especial porque, pela primeira vez na história da premiação, uma mulher não competia sozinha à categoria de Melhor Direção: além de Chloé Zhao, a estreante Emerald Fennell também havia sido indicada por Bela Vinganga (2020).
Em 2022, mais feitos históricos: Jane Campion – última cineasta indicada antes de Justine Triet – conquistou o prêmio de Melhor Direção por Ataque dos Cães (2021) e se tornou a primeira mulher a conquistar a estatueta duas vezes, além de ter contribuido para a primeira vitória consecutiva de mulheres na categoria.
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