A cidade de são Paulo tem 8 mortes por dengue em 2024, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. Os números estão no boletim epidemiológico de arboviroses divulgado pela pasta.
O município totalizou até 6 de março 35.417 casos da doença, número 1.668,1% maior do que o mesmo período de 2023, quando houve 2.003 confirmações. Os dados são provisórios.
Os distritos em epidemia por dengue saltaram de 15 para 31 em uma semana. A zona norte lidera, com 12 deles: Freguesia do Ó, Cachoeirinha, Perus, Tucuruvi, Pirituba, Jaraguá, Vila Medeiros, Vila Maria, Tremembé, Anhanguera, Jaçanã e São Domingos.
Na zona leste, estão em epidemia Vila Jacuí, Itaim Paulista, Ermelino Matarazzo, Vila Curuçá, São Rafael, Guaianases, Lajeado, São Miguel e Itaquera.
Na lista de distritos epidêmicos também estão Barra Funda, Alto de Pinheiros, Lapa, Vila Leopoldina e
Jaguara, na zona oeste; Jardim São Luiz e Campo Limpo, na zona sul; e São Lucas, Cangaíba e Água Rasa, na região sudeste da cidade. Ao todo, a capital tem 96 distritos.
A incidência mais alta é a do distrito Jaguara, com 4230 casos por 100 mil habitantes, seguido por São Domingos (1.141,8), Itaquera (995,2), Jaçanã (982,2), Vila Leopoldina (922,7) e São Miguel (818,3).
O coeficiente de incidência é o critério da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde para a classificação da doença em relação à população.
53,4% dos mortos por dengue em SP tinham mais de 65 anos
De acordo com o painel de monitoramento da dengue da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, 31 dos 58 mortos pela doença tinha mais de 65 anos.
Lina Paola Miranda Ruiz Rodrigues, infectologista da A Beneficência Portuguesa de São Paulo explica que pessoas com mais de 65 anos fazem parte do grupo de risco pois estão dentro de uma fatia da população que possui mais comorbidades, como hipertensão, diabetes, cardiopatias e doença renal crônica.
“O idoso desidrata muito rápido porque o líquido que está nos vasos sanguíneos, nas artérias e nas veias passa para um terceiro espaço, ou seja, aumenta a permeabilidade”, afirma a médica.
“O que também acontece é que chega menos perfusão, menos sangue nos rins e ele tem insuficiência renal. Isso leva a disfunção de coagulação —por conta da queda das plaquetas—, cardiovascular e renal. O resultado é a falência de múltiplos órgãos. É um quadro bem grave em que a principal característica é a pressão baixa.”
A médica afirma que é importante prestar atenção a hidratação é feita de maneira adequada e mesmo assim há inchaço. “O líquido não está indo para os vasos sanguíneos. O paciente precisa procurar o pronto-socorro ou o posto de saúde para ser rapidamente avaliado”, diz ela.
Fábio Bombarda, infectologista da Santa Casa de Araçatuba (SP), alerta que a evolução da dengue pode ser diferente em quem tem doenças controladas.
“As pessoas com comprometimento do sistema imunológico, pacientes com Aids sem tratamento adequado, com diabetes descontrolado, cardiopatas, hipertensos têm uma sensibilidade maior, porque a dengue vai alterar alguns aspectos da concentração do sangue, causar desidratação e alterar a pressão arterial”, diz Bombarda.
“Temos que separar os pacientes diabéticos e hipertensos bem controlados. Uma coisa é você ter diabetes e cuidar da sua glicemia, mantê-la normal, cuidar da alimentação, dos aspectos relacionados ao peso, fazer atividade física e vir a ter dengue. Outra coisa é aquele que não é bem controlado, não faz dieta, não faz atividade física e nem tem controle glicêmico. Os descompensados têm disfunções imunológicas que fragilizam o organismo e facilitam o processo inflamatório da dengue, podendo causar quadros mais graves e morte”, diz Bombarda.