A Novo Nordisk, responsável pela produção do Wegovy, busca aprovar no Brasil o uso do medicamento para a prevenção de doenças cardíacas relacionadas ao peso. De acordo com a farmacêutica, o pedido está em análise pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O Wegovy é o nome comercial da droga semaglutida, mesmo composto de outro medicamento da empresa, o Ozempic, indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, mas em dosagem diferente (2,4 mg contra 1 mg). Em janeiro de 2023, o Wegovy se tornou a primeira injeção semanal aprovada pela agência para tratamento da obesidade no Brasil.
Na última semana, o fármaco foi aprovado para “reduzir risco de morte cardiovascular, ataques do coração e acidente vascular cerebral em adultos com doença cardiovascular, obesidade e sobrepeso” pela FDA, agência que regulamenta drogas e alimentos nos Estados Unidos.
Procurada para saber sobre o processo de análise, a Anvisa não respondeu até o fechamento deste texto.
À Folha, em resposta por email, a Novo Nordisk confirmou que entrou com o pedido de atualização do rótulo fora dos EUA, inclusive junto À EMA (Agência Europeia de Medicamentos), que regulamenta drogas na União Europeia. A expectativa é de uma decisão ainda em 2024.
Nos EUA, a medida busca ampliar a cobertura dos planos de saúde e representa uma mudança para cerca de 70% dos norte-americanos que, segundo a FDA, tem obesidade ou sobrepeso.
Para a aprovação, foi realizado um estudo clínico com 17,5 mil pacientes, de diversos países, divididos em dois grupos. Metade dos participantes recebeu o medicamento e a outra metade, um placebo.
Aqueles que receberam o medicamente tiveram um risco até 20% menor de um acidente cardiovascular.
Medicamentos injetáveis à base de semaglutida, uma proteína sintética que imita o hormônio que reduz a quantidade de açúcar no sangue e auxilia na saciedade, ganharam popularidade no mundo todo para o tratamento de obesidade e sobrepeso.
No ano passado, a Anvisa aprovou o Wegovy também para tratamento de obesidade em adolescentes.
Apesar da nova decisão, o medicamento não está disponível ainda no Brasil. A expectativa é de comercialização a partir de 2024, em preços que podem chegar a R$ 2.484 a caixa.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, até 2035, o Brasil pode chegar a 20 milhões de crianças e adolescentes com obesidade.
Na média global, o número de crianças e jovens atingidas sobe de 22% (430 milhões) para mais de 39% (770 milhões) apenas nesta década.
A obesidade é o principal fator de risco para desenvolvimento de outras doenças, como diabetes, doença renal e doenças cardiovasculares. Em meninos, a obesidade na adolescência também está associada à infertilidade na vida adulta. Quanto antes na vida a criança ou adolescente desenvolver obesidade ou sobrepeso, maiores serão os riscos enfrentados, uma vez que ela irá passar grande parte da sua vida com aquela condição.
Assim, ela tem um forte impacto na morbimortalidade, que soma não apenas os riscos de mortalidade mas também de anos perdidos vivendo com a doença.