São Paulo, Brasil
“Só joguei quatro anos na Itália e já cansei de ver histórias de racismo. Infelizmente, isso tem até hoje. Foi em 2013, estamos em 2024. Os mesmos que não fazem nada com esse tipo de ato (racismo) são os mesmos que me condenaram.
“Eu já cansei de ver história de racismo, com companheiros meu, como Balotelli. O Prince Boateng sofria muito disso. Infelizmente, isso tem até hoje. O que a Justiça italiana fez em relação a isso? Nada. Os mesmos que não fazem nada com esse tipo de ato de racismo são os mesmos que me condenaram no ato de racismo. Se o meu julgamento fosse para um italiano, um branco, eu tenho certeza que seria diferente.”
Robinho garantiu à Carolina Ferraz, em entrevista exclusiva para a RECORD, que foi condenado a nove anos de cadeia, por estupro coletivo na Itália, porque houve racismo.
Segundo ele, a condenação aconteceu por ser negro.
O ex-jogador, que disputou duas Copas do Mundo pela Seleção Brasileira, falou como nunca. Garantiu que houve sexo consensual, com a mulher de origem albanesa, que o denunciou por estupro.
E que ela não estava bêbada, como ele mesmo falou, em um dos áudios conseguidos pela polícia italiana.
“Tivemos uma relação superficial e rápida. A gente trocou beijos, fora isso, fui embora para casa. Em nenhum momento ela empurrou, falou “para”. Tinha outras pessoas no local. Quando vi que ela queria continuar com outros rapazes, eu fui embora para casa.
“A pessoa que me acusa de algo tão grave e bárbaro, de estupro, ela lembra o que tinha acontecido no local, a cor da minha camisa, quantas pessoas estavam no lugar. Temos imagens de que ela estava combinando de se aproximar de mim logo depois de a minha esposa deixar o local. Ela estava com outros rapazes. E foi para outro lugar com os mesmos rapazes até altas horas da madrugada.
“Em nenhum momento ela estava alterada, teve comportamento diferente. Ela dançou com outros rapazes, não era local fechado. Não era local violento, que não dava para ver. Ela não aparentou estar inconsciente. As provas mostram que ela não estava inconsciente.”
Robinho teve de explicar os áudios que foram gravados pela polícia. Foram eles que deram a sustentação para os promotores italianos exigirem sua condenação.
Os áudios são assustadores.
E gravados no seu carro. A polícia italiana colocou escutas no automóvel.
“Por isso eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem eu sou. Mesmo se eles me chamarem para alguma coisa, não tem problema nenhum. Vou lá, vou falar: ‘Primeiro, o bagulho faz há um ano. Segundo, não toquei nem nessa mina’.
“Se não sair na imprensa, está ótimo, está ligado? ‘Os amigos de Robinho pegam a mina à força na Itália’. Olha que fase…
“Eu co** a mina, ela fez chu…para mim e depois sai fora. Os caras continuaram lá.”
Em um áudio ele chega a dizer que a solução é dar um soco na mulher.
“Ela é idiota? A gente vai dar um soco na cara dela. Tu vai dar um murro na cara, vai falar: ‘P****, o que eu fiz contigo? Eu fiz alguma coisa?’”
Robinho disse na entrevista que os áudios foram gravados mais de um ano após ele ter mantido relações sexuais com a mulher que o denunciou.
“Os áudios foram um ano depois do ocorrido. Foi em 2014. Naquele contexto, eu não estava conversando com pessoas confiáveis. Eles começaram com uma história de gravidez. Depois, trocaram dizendo que queria me cobrar 60 mil euros.
“Minha risada foi de indignação. “Vocês não vão me extorquir”. Sei que não cometi nada, não engravidei nenhuma mulher. Não foi de deboche às mulheres, de deboche à vítima. Foi simplesmente querendo me livrar daquela situação, porque eu estava 100% seguro que eu estava sendo extorquido.”
Na quarta-feira,o Superior Tribunal de Justiça analisa o pedido da Itália, para que Robinho cumpra a pena de nove anos, a que foi condenado, no Brasil. Há até a possibilidade que de que aconteça um novo julgamento. Mas aqui.
“Espero que aqui no Brasil, eu possa ter voz que não tive lá fora. Você quer mostrar suas provas, e não entendi o porquê, provas tão relevantes para qualquer pessoa, para eles (Justiça da Itália) não foram. Todos aqueles que julgam, possam ver minhas provas.
“Eu não sou esse monstro…”