São Paulo, Brasil
“Quero sair daqui campeão.
“E retribuir ao Palmeiras pelo que fez por mim.
“Foi o único clube que acreditou em mim.”
Chegou partida mais importante de Endrick.
Os 68 jogos, os 19 gols, as três assistências que conseguiu, desde sua estreia, no time profissional, no dia 2 de outubro de 2022, o consolidaram como a maior revelação do futebol brasileiro desde Vinicius Junior.
A venda, envolvendo R$ 400 milhões, ao Real Madrid, é a maior prova.
Mas será hoje, no Allianz Parque, a sua última final pelo Palmeiras, antes de partir definitivamente para a Espanha.
Dos títulos que carrega no currículo, dois Brasileiros, uma Supercopa do Brasil, o Paulista de 2023, Endrick jamais teve tanta importância quanto o Paulista de 2024.
Titular absoluto, jogador de Seleção Brasileira, estrela midiática mundial só com 17 anos.
Está depositada nos seus ombros a responsabilidade de o Palmeiras conseguir uma virada histórica.
Se o time vencer o Santos por dois gols de diferença, no mínimo, nos 90 minutos de jogo, ou nas penalidades, os palmeirenses poderão comemorar o tricampeonato paulista. Façanha só conseguida há noventa anos, quando o clube se chamava Palestra Itália.
Endrick faz questão de dizer, em toda entrevista mais longa, que sente estar em dívida com o Palmeiras, pelo clube, aos dez anos, dar a condição mínima de sobrevivência de sua família, que morava em Brasília, em São Paulo: um emprego de faxineiro de vestiário ao pai.
O rancor pelo São Paulo dizer ‘não’ segue muito forte no peito do garoto.
E já foi exposto várias vezes em redes sociais.
Aos dez anos ele já mostrava um talento enorme, diferenciado. Sua saída do clube do Morumbi nunca foi bem explicada. O presidente Julio Casares prometeu, com muito estardalhaço, uma investigação profunda, em dezembro de 2022. Até hoje, nenhum resultado foi divulgado.
Com um estafe poderoso, com direito a dois empresários, que fazem gestão da sua carreira, dos contratos, Endrick tem coach, preparador físico, nutricionista, assessor de imprensa.
Ele acumula recordes pelo Palmeiras.
Foi o jogador mais jovem a entrar em campo com a camisa do clube, 16 anos, dois meses e 16 dias. O mais novo a marcar, 16 anos, três meses e quatro dias.
Primeiro atleta a ser campeão em todas as categorias no Palmeiras: sub-11, sub-13, sub-15, sub-17, sub-20 e profissional.
Endrick já deixou claro que quer sair vencedor desta última decisão anter de ir para a Europa.
Ele enfrentou até o bom senso, que recomendava descanso, depois das partidas contra a Inglaterra e Espanha, que fez pela Seleção Brasileira.
A pancada forte na coxa direita, que levou do lateral esquerdo Cucurella, da Espanha, o incomodou muito.
Jogou com dores na primeira decisão, contra o Santos, na derrota na Vila Belmiro, por 1 a 0.
Abel Ferreira sabia, mas mesmos precisando dos seus gols, de seus dribles em velocidade, da capacidade de desestabilizar a firme zaga, mas lenta, formada por Gil e Joaquim, tirou Endrick do confronto, aos 20 minutos do segundo tempo.
Como o blog antecipou, deixou Endrick de fora na estreia pela Libertadores, contra o San Lorenzo.
Fez tratamento intensivo por sete dias.
As fortes dores, que impediam a sua intensa movimentação, não existem mais.
Endrick está mais do que pronto para a final.
Como sonhava.
Titular absoluto do Palmeiras, com o apoio e a admiração do Allianz Parque lotado.
Confiança absoluta não só de Abel Ferreira, como dos companheiros de time.
Jogando como gosta, pelos lados do campo, para explorar sua explosão muscular e velocidade impressionante.
“É final, todos querem jogar muito mais, com nossa torcida, no Allianz Parque.
“Sabemos que pode ter o corredor (com torcedores cercando o ônibus do time, apoiando os atletas), mais de 40 mil pessoas.
“A gente espera muito dos nossos torcedores porque eles são o nosso 12º jogador.
“E precisamos muito deles.”
E como o Palmeiras precisa de Endrick.
A três meses de completar 18 anos, conseguiu algo incrível.
Ter o clube mais vencedor de títulos no país depender de seu futebol.
Endrick tem muito claro a quem dedicará a conquista, caso ela aconteça.
Ao seu pai, que tanto lutou por sua carreira, distribuindo em vídeos na Internet, suas atuações em uma escolinha de base do Bahia, em Brasília.
Ao Palmeiras que tanto o apoiou, dando o emprego de faxineiro ao seu genitor.
E, ironicamente, ao São Paulo, que virou as costas, quando ele mais precisava.
Com seu pai como ambulante, mascateiro, chegou a passar fome, na capital paulista.
Sua mãe vendia café e bolo nas estações de metrô.
Agora, a família tem a garantia de dezenas de milhões com sua venda à Espanha.
É jogador do Real Madrid, da Seleção Brasileira.
Ele tem de recompensar o Palmeiras.
E ir para a Europa como campeão, como titular absoluto.
Por isso promete dar a alma hoje, contra o Santos.
Ele quer que o jogo seja ‘seu’…