No ano passado, os pesquisadores do Hospital das Clínicas de São Paulo anunciaram a remissão total do câncer de um paciente tratado com a terapia celular com CAR-T. Agora, cerca de um ano depois, Paulo Peregrino, 62, anunciou nas redes sociais novo resultado de exame que confirma a remissão do linfoma não Hodgkin.
“Estou aqui celebrando mais um passo em direção à cura. Justamente no dia do aniversário de quem foi fundamental aqui na Terra para essa caminhada continuar. Na sexta, dia 3 de abril, mais um PET scan [exame capaz de detectar tumores em todos os lugares do corpo] confirmando a minha remissão de 100% dos meus cânceres”, disse ele em seu perfil no Instagram.
O escritor e publicitário recebeu o diagnóstico da doença, um tipo de câncer que se origina nas células do sistema linfático, há 13 anos.
No relato, Peregrino conta que após um atraso atípico do laboratório em que realiza seus exames, o laudo saiu no dia do aniversário de Vanderson Rocha, seu médico, o que fez da comemoração ainda mais especial.
“Coincidência? Não acredito nisso há muito tempo. Como disse o dr. Wanderson, é também o meu presente de aniversário para ele, ou seja, para nós. Um passo, ou melhor, um PET scan de cada vez”, completa.
Como funciona a terapia CAR-T?
O tratamento feito por Peregrino foi conduzido pelo Centro de Terapia Celular, que envolve cientistas da USP (Universidade de São Paulo), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Fundação Hemocentro e do Instituto Butantan.
A terapia utiliza células geneticamente modificadas do sistema imune do paciente para atacar células tumorais. Elas são reintroduzidas no paciente, o que aumenta a eficácia no combate ao câncer. Originada a partir de estudos com transplante de medula óssea, a terapia transfere um sistema imune modificado para reforçar a resposta imunológica.
No Brasil, o CAR-T utiliza células do próprio paciente, sem autorização para uso de células de doadores. A terapia é especialmente útil para pacientes com câncer agressivo ou com sistema imunológico debilitado e foi aprovada para uso compassivo, que é uma medida aplicada em situações excepcionais, quando não há outra abordagem viável em uma tentativa de salvar a vida do paciente.
A terapia celular começou a ser aplicada em território brasileiro em 2019, como parte de um estudo experimental conduzido no Nutera (Núcleo de Terapia Avançada da Universidade em Ribeirão Preto). Treze pessoas foram incluídas no estudo; duas receberam tratamento no Hospital das Clínicas em São Paulo e as outras 11 no Hemocentro de Ribeirão Preto.