Nesse período, cobrindo boa parte dos anos 1960, Corman deu espaço a jovens atores, roteiristas e diretores, iniciando a carreira de ícones como Robert De Niro, Ellen Burstyn, Robert Towne e Peter Bogdanovich. A essa altura, o produtor já havia cavado um nicho de respeito e sucesso. Mas sua natureza inquieta o fez voar solo, e em 1970 ele fundou a New World Pictures, justamente para financiar o mesmo tipo de filme que ele fazia com Arkoff na AIF.
Foi quando ele mudou mais uma vez o panorama do cinema. Em 1972, Corman volou seu olhar para além das fronteiras e passou a trazer títulos estrangeiros para as salas de exibição ianques. O primeiro foi “Gritos e Sussurros”, de Ingmar Bergman, seguido de pérolas como “A História de Adele H”, “Amacord”, “Sonata de Outono” e “Fitzcarraldo”. Para viabilizar a empreitada, Corman reinventou a fórmula para vender e distribuir filmes estangeiros nos Estados Unidos. Sua estratégia incluia agendar sessões em cinemas fora do grande circuito, levando títulos de arte para novos públicos.
Ao vender a New World em 1983 por US$ 16.5 milhões, Corman fundou a Concorde/New Horizons e continou a produzir filmes com sua fórmula campeã. O jogo no cinemão americano, contudo, mudou na esteira dos filmes de grande orçamento como “Caçadores da Arca Perdida” e “De Volta Para o Futuro”, produções com as quais ele não consegua competir. O mercado internacional, contudo, segurou as pontas, e o imenso catálogo à sua disposição garantiu longevidade para relançamentos em VHS.
Afastado da cadeira de diretor desde 1971, quando comandou o drama de guerra “Águias em Duelo” (ele co-dirigiu a aventura espacial “Mercenários das Galáxias” em 1980, creditada somente ao animador Jimmy T. Murakami), Corman assinou seu último filme em 1990. “Frankenstein, o Monstro das Trevas”, produção de US$ 11,5 milhões – com US$ 1 milhão pingando em seu bolso -, trazia Raul Julia, John Hurt, Bridget Fonda e Jason Patric no elenco, mas teve uma recepção fria e encerrou sua carreira como cineasta.
Como produtor, contudo, Corman seguia de olho nas novas tendências do mercado. Fez filmes para lançamento direto em VHS/DVD, tocou projetos escoados em TV a cabo, fechou acordos de produção para streaming. Seu portfólio de mais de 400 títulos nunca deixou de render. Em 2005 assinou um contrato de 12 anos com a Buena Vista para distribuir seus filmes no mercado de entretenimento doméstico. Em 2010, cravou um acordo com a Shout Factory pelos direitos exclusivos de 50 de seus filmes, uma selo batizado “Roger Corman Classics” que incluia gemas como “Piranha”, “Criaturas das Profundezas” e (meu favorito) “Galáxia do Terror”.