A cidade de São Paulo registrou 30,4 mil novos casos de dengue em uma semana, um aumento de 10,2% em relação à semana epidemiológica anterior. Os dados são do boletim da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) publicado nesta segunda-feira (20), que abrange os dias 5 a 11 de maio.
A incidência de dengue na capital paulista chega a 2.725,4 por 100 mil habitantes, número nove vezes maior que o considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para designar uma epidemia (300 casos por 100 mil habitantes).
A incidência só fica abaixo de mil casos por 100 mil habitantes em 12 distritos de São Paulo. Desses, cinco estão no centro (Consolação, Bela Vista, Liberdade, República e Sé), três no sudeste da cidade (Moema, Saúde e Vila Mariana), dois na zona sul (Campo Belo e Campo Grande) e dois na zona oeste (Itaim Bibi e Jardim Paulista).
A SMS faz uma divisão dos distritos com base nas suas supervisões técnicas de Saúde e, por isso a região sudeste engloba distritos do sul e do leste paulistano.
Na capital, todos os bairros estão em epidemia de dengue. São 327.207 casos confirmados e 147 mortes pela doença, de acordo com dados provisórios obtidos até o dia 15 de maio. Entre as duas semanas anteriores, foram registrados 29,6 mil novos casos.
Os distritos com menores incidências de dengue são Jardim Paulista (479,6), Moema (519,0), Saúde (585,2), República (573,9) e Vila Mariana (630,6).
Do outro lado, entre as maiores incidências estão Jaguara (12.100,7), São Miguel (9.931,5), Itaquera (5.796,3), São Domingos (5.600,7) e Guaianases (5.998,5).
O maior avanço da dengue na capital entre as duas semanas epidemiológicas permanece no distrito de São Miguel. Na semana anterior, o distrito tinha a incidência de 9.199,9.
Os casos da cidade de São Paulo já ultrapassam o número de casos em todo o ano de 2015, recorde até então da doença. Na época, a capital encerrou o ano com 103.186 casos.
O responsável pela Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), órgão ligado à Secretaria Municipal da Saúde, Luiz Artur Caldeira, afirmou ainda, em entrevista anterior à Folha, que a altíssima incidência de casos na Vila Jaguara tem relação com uma grande concentração de casos nos meses de janeiro e fevereiro e às condições favoráveis à proliferação do mosquito.
Na ocasião, o coordenador afirmou que ainda não é possível perceber uma diminuição da transmissão da doença, mas um platô, ou seja uma estabilidade de casos antes da queda. De acordo com o infectologista Alexandre Naime Barbosa, no entanto, ainda não é possível diagnosticar um platô (estabilidade de casos antes da queda) em tempo real ou estimar sua previsão de ocorrência.
Para especialistas, a explosão de casos no Brasil tem relação com crescimento desordenado das cidades e a precariedade de serviços e de infraestrutura básica, como saneamento e limpeza urbana. O Brasil registrava 4,9 milhões de casos prováveis até a sexta-feira (17) e 2.768 mortes por dengue.