Signal se aproxima dos aplicativos que critica para atrair usuários: 'Não quer ser relegado ao canto empoeirado', diz executiva – Zonatti Apps

Signal se aproxima dos aplicativos que critica para atrair usuários: 'Não quer ser relegado ao canto empoeirado', diz executiva


App de mensagens lança stories a fim de se tornar mais parecido com serviços que lucram a partir de dados de usuários, mas quer se diferenciar ao oferecer mais privacidade. Empresa participou do Web Summit, em Lisboa. Meredith Whittaker, presidente da Signal Foundation
Sam Barnes/Web Summit via Sportsfile
Bem longe da popularidade do WhatsApp e do Telegram, o Signal, aplicativo de mensagens com foco em privacidade, quer se tornar um serviço para todos e não apenas para especialistas em segurança digital.
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Para isso, a plataforma lança, nesta segunda-feira (7), um recurso presente em quase todas as redes sociais: stories.
Mas Meredith Whittaker, presidente da Signal Fundation, destacou que, ao contrário das outras plataformas, o Signal não vai coletar dados dos usuários nem mostrar anúncios nos stories. Em vez disso, o aplicativo só mostrará publicações feitas por quem está na sua lista de contatos.
Os stories do Signal começam a ser liberados para Android e iOS e, em breve, na versão web – será possível desativá-los, ao contrário do que acontece em outras plataformas. As publicações terão criptografia de ponta a ponta, como existe nas demais mensagens.
Stories do Signal, aplicativo de mensagens com foco em privacidade
Divulgação/Signal
A ideia é tornar o aplicativo mais parecido com serviços como Instagram e Facebook e o próprio WhatsApp, onde o recurso de fotos e vídeos temporários já existe.
A executiva entende que é importante atrair mais usuários para fazer o serviço ficar mais relevante no dia a dia das pessoas.
“Acho que esse ponto costuma ser esquecido, embora pareça óbvio: um aplicativo de comunicação que seus amigos não usam é inútil”, disse Meredith na última quinta-feira (3) durante o Web Summit, feira de tecnologia e inovação realizada em Lisboa.
“O Signal não quer ser relegado ao canto empoeirado dos experimentos que são teoricamente seguros e privados, mas também falham em seu propósito no mundo real porque ninguém pode ou irá usá-los”, destacou a executiva, que lidera a fundação responsável pelo aplicativo desde setembro.
O WhatsApp adotou a tecnologia de criptografia do Signal em 2016. Por sua vez, nos últimos anos, o Signal tem anunciado recursos que costumam estar presentes em outros apps.
É o caso dos stickers (ou figurinhas), chamadas de vídeo em grupo e mensagens temporárias, todos lançados desde 2019.
Segundo Meredith, o Signal decidiu lançar os stories porque muitos usuários pediam pelo recurso. “As pessoas querem, e não vamos dizer a elas como se comunicar”, disse em entrevista ao g1.
“E nós nos sentamos, fizemos um projeto e percebemos: ‘OK, podemos fazer isso e podemos fazer de forma privada’. Não estamos comprometendo nossa integridade ao criar esses recursos, então vamos fazer”.
Stories do Signal, aplicativo de mensagens com foco em privacidade
Divulgação/Signal
Vigilância sobre usuários ‘é regra, não exceção’
A plataforma entende que precisa oferecer um padrão esperado pelos usuários mesmo que ele tenha sido definido pelos serviços que seguem um “modelo de negócios de vigilância” sobre os dados pessoais, como apontou Meredith em sua palestra.
A executiva é uma das críticas ao uso que empresas fazem dos dados dos usuários para gerar lucro.
“A indústria de tecnologia hoje está baseada no modelo de negócios de vigilância”, afirmou Meredith. “É a regra, não a exceção”.
“No Signal, o que estamos tentando é um modelo sem fins lucrativos, apoiado por doações. É algo que queremos experimentar, por isso devemos privilegiar a privacidade e nossas promessas aos nossos usuários em vez da receita e do crescimento”, afirmou a executiva.
Para a Meredith, os usuários passaram a se preocupar mais com seus dados nos últimos anos. “Nós costumávamos falar sobre privacidade em 2010 e as pessoas apenas davam risada. Isso não é mais verdade. As pessoas entendem que o modelo de negócios de vigilância não é bom”.
* O jornalista viajou a convite da Siemens.
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