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Mulheres estão ocupando mais posições de poder. Mas não se engane em achar que elas estão preenchendo uma mesa inteira, tomando decisões em grandes empresas mundo afora.
No Brasil, por exemplo, o número de mulheres em conselhos cresceu de 10% para 16% de 2021 para 2023. Esse número não é tão animador quando se observa a proporção da população feminina no país, já que elas são a maioria. Um estudo da Deloitte, empresa de auditoria, consultoria e gestão de riscos, apontou que as mulheres ocupam menos de um quarto dos assentos nos conselhos do mundo.
Quando olhamos para cargos como CEO, o número é bem menor: apenas 6% dos CEOs do mundo são mulheres.
O que permite essas mudanças são os posicionamentos cada vez mais enfáticos e programas afirmativos das empresas. Ainda assim, os passos são muito tímidos e é improvável que a paridade de gênero seja alcançada dentro de 15 anos (sendo otimista).
“Se a gente trabalhar com interseccionalidade dos pilares de diversidade e inclusão, a gente vai ver que esse avanço pode ser celebrado por mulheres brancas 50+ que também fazem parte de uma bolha”, foi o que me disse Viviane Eiras, conselheira, C-level em startup e professora de ESG.
Para aonde vai a diversidade das empresas? Entre os grupos sub-representados, as mulheres brancas são as mais favorecidas por ações de diversidade no ambiente corporativo. É o que mostra levantamento feito pelo Ceet (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) em parceria com o Pacto Global da ONU – Rede Brasil.
No questionário feito pela entidade, quando perguntadas sobre quais grupos minorizados estão na alta liderança, 63% das empresas responderam mulheres brancas, enquanto 30% afirmaram ter mulheres negras no comando. Ou seja, menos da metade.
“Quem mais se beneficiou durante um longo tempo foram as mulheres brancas, porque o homem branco é o grande chefe nas grandes organizações. Então, se ele abre a porta da empresa e vê uma fila com negros, indígenas, pessoas com deficiência, quem vai entrar primeiro? Aquela que parece com a mãe dele, com a irmã, com a namorada”, disse Cida Bento, colunista da Folha e conselheira do Ceert, ao repórter Thiago Bethônico.
Em outra esfera de poder, dessa vez na política, as mulheres têm representação aquém do esperado. No Brasil, 2 em 3 cidades não elegeram nenhuma mulher para a prefeitura em 20 anos. O levantamento é do Delta, feito pelos repórteres Géssica Brandino e Augusto Conconi. A lista das cidades sem eleitas inclui 19 capitais, sendo as cinco maiores: Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba.
Esses números são reflexo da desigualdade na distribuição social do trabalho e remuneração. São problemas profundos.
Li por aqui
Já reparou na diferença dos preços de produtos que são destinados ao público feminino em comparação a outros? É a chamada taxa rosa, cobrada em várias partes do mundo e agravada no Brasil pelo seu contexto econômico. Vale a leitura da matéria feita pela Juliana Matias.
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Está todo mundo ansioso? É essa a pergunta que dá nome ao primeiro episódio do novo podcast da Folha, Modo de Viver. O programa é produzido e roteirizado pela repórter de Todas Bárbara Blum. Nele, a jornalista vai abordar questões sobre bem-estar, com histórias pessoais e entrevistas com especialistas. Ele estreou nesta quarta-feira (14).
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