Um musical, um drama psicológico, uma sequência que não é sequência? “Coringa: Delírio a Dois” estreia nesta quarta-feira (4) mundialmente em competição no Festival de Veneza e finalmente responde essas perguntas. Ou quase. Lady Gaga, em conversa com jornalistas nesta manhã, fez questão de apontar o que Joaquin Phoenix e o diretor Todd Phillips também propõem: “Sinceramente, queríamos que cada um de vocês decidisse por vocês mesmos o que o filme significa para vocês, em vez de nós decidirmos por vocês.”
“Aprendi muito que ir para o set com uma noção pré-concebida do que faríamos é a ideia errada. Todos nós realmente aproveitamos o momento e o caos de tudo. Esta é uma história tão interessante e a forma como Todd conta essa história [também é interessante]. Pense em você imaginando como é este filme. E depois você vai assistir e entende que você nunca teria adivinhado sozinho. E para fazer com que isso possível, a gente tinha de descobrir isso todo dia qual era a verdade, qual era o momento honesto que precisa ser visto, qual era a história”, completou a cantora e atriz, que se une a Phoenix na jornada do personagem depois de ser preso e internado na sombria Arkham State Hospital.
Na trama, encontramos Arthur Fleck vivendo os dias duríssimos da prisão e aguardando ser julgado por seus crimes como o Coringa. Enquanto luta com sua dupla identidade, oscilando entre o orgulhoso Joker/Coringa e o frágil e depressivo Arthur ele não só encontra nesse ambiente improvável o amor verdadeiro, mas também descobre a música que sempre esteve dentro dele.
É com esta premissa que Gaga entra como o furacão Harley Quinn na vida de Arthur. Além do amor condenado que vivem, também protagonizam vários números musicais e dão voz ao universo interior do personagem e do universo que os dois, quase sempre entre muros e paredes, criam para o amor louco que vivem.
A forma como tratamos a música neste filme é muito especial e cheia de nuances. Não é exatamente um musical. É muito diferente. A forma como a música entra é pra dar aos personagens a forma que eles precisam dizer porque somente os diálogos não são suficientes. E como Joaquin disse, a gente fez muitos dos números ao vivo e o pianista estava com a gente no set e funcionava como um ator, fora do quadro, na cena conosco. Lady Gaga, sobre ‘Coringa 2’
“E a gente trabalhou duro na forma como cantamos. Para mim foi muito sobre como de certa forma desaprender, esquecer a técnica de respiração. E as canções saíram dos personagens e, como Todd sempre disse que Arthur tinha música dentro dele. E eu só queria ajudar a tornar a ideia de Todd real, sobre o que seria essa música”, completou Gaga.
“A gente queria ser a música que Arthur ouvia com sua mãe, contar também a história que o formou. E o tempo das músicas era algo da infância dele”, observou o diretor, que também revelou para a imprensa que muito da ideia de realizar um musical veio de um sonho de Joaquin.
Sempre simpático, mas um tanto distante quando o assunto é entrevista, Joaquin brincou que não ia contar o sonho, mas questionado também pela imprensa, comentou que teve um sonho em que “performava, se apresentava como Joker”. “E então eu liguei para o Todd e disse que poderia ter algo ali. Mas não tinha”, brincou Joaquin.