Segundo analistas norte-americanos, o cinema entrou em um “ciclo de desespero” naquele momento. Sem um grande lançamento para atrair o público, faltou o impulso inicial necessário para manter a audiência voltando às salas nas semanas seguintes, entre outras justificativas. Um resultado inesperado, especialmente em tempos de internet, onde o digital e as redes sociais têm tanta influência quanto a experiência presencial.
Tudo mudou em meados de junho, com a chegada de “Divertida Mente 2”. A animação da Disney e Pixar foi um verdadeiro trator, faturando US$ 1,68 bilhão (R$ 9,2 bi) até agora e tornando-se a oitava bilheteria da história mundial (sem reajustes para compensar a inflação). No nosso país, o sucesso foi ainda mais notável: o longa-metragem assumiu a posição de maior do século, superando “Vingadores: Ultimato” com mais de 20 milhões de ingressos vendidos e uma arrecadação de R$ 400 milhões, de acordo com dados da Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex).
“O mercado só tem a agradecer, sinceramente, por vender ingresso para o maior filme de todos os tempos no Brasil, em um ano que estávamos esperando que fosse super difícil. Foi maravilhoso”, define Mauro Gonzalez, diretor de negócios da Ingresso.com. A empresa, parte do Grupo UOL, é responsável pela venda online de tíquetes para 90% dos exibidores no Brasil.
A sequência de “Divertida Mente” marcou o despertar do gigante. A segunda metade da estação foi mais forte, com os bons resultados de “Twisters”, “Bad Boys 4”, “Meu Malvado Favorito 4” e, especialmente, “Deadpool & Wolverine”, que finalmente estreou no final de julho. Com isso, a temporada dos blockbusters ganhou novo fôlego. Nos EUA, a queda geral no faturamento do verão foi reduzida para “apenas” 10,3%, afirma a Comscore.
Enquanto isso, no Brasil
Por aqui, os exibidores estão mais aliviados. Segundo a Ingresso.com, o cinema nacional foi o grande responsável por salvar o primeiro trimestre de 2024, com o sucesso de “Nosso Lar 2: Os Mensageiros”, “Os Farofeiros 2” e “Minha Irmã e Eu”. “Três filmes parrudos”, define o executivo Mauro Gonzalez, destacando que essas produções nacionais compensaram o fraco início para os lançamentos internacionais.