Especialistas de todo o mundo expressaram entusiasmo, na sexta-feira (27), depois que a FDA (agência americana reguladora de medicamentos e alimentos) aprovou um novo tratamento para a esquizofrenia, o primeiro em décadas.
Chamado de Cobenfy e desenvolvido pela farmacêutica americana Bristol Myers Squibb, o medicamento funciona de maneira diferente dos atualmente existentes.
Mobiliza, por exemplo, os receptores colinérgicos, e não os receptores da dopamina, como os comercializados até agora.
“Esse medicamento adota um novo enfoque para o tratamento da esquizofrenia em décadas”, disse em um comunicado Tiffany Farchione, funcionária da FDA.
“Essa aprovação oferece uma nova alternativa aos medicamentos antipsicóticos que eram receitados anteriormente às pessoas com esquizofrenia”, afirmou.
A esquizofrenia afeta apenas cerca de 1% dos americanos, mas seus efeitos podem ser devastadores por provocar alucinações, sentimentos de perseguição e dificuldade para controlar os pensamentos.
Lynsey Bilsland, diretora da divisão de saúde mental da fundação beneficente Wellcome, disse que a Cobenfy pode “mudar as regras do jogo”, especialmente para quem os outros medicamentos são ineficazes.
“Funciona de uma maneira completamente diferente de qualquer outro medicamento contra a esquizofrenia utilizado na atualidade. Tem o potencial de mudar a vida de milhões de pessoas”, apontou.
Cobenfy, cujo nome científico é xanomelina e cloruro de tróspio, é administrado por via oral.
Dois ensaios clínicos confirmaram sua eficácia e demonstraram que pode reduzir significativamente os sintomas nos pacientes.
Seus efeitos colaterais são náuseas, vômitos, indigestão, diarreia, prisão de ventre, retenção urinária e problemas hepáticos.
Mas em comparação com os remédios atuais, esses efeitos colaterais são reduzidos, afirmou Matt Jones, professor de neurociência da universidade inglesa de Bristol.
“Obviamente é uma grande notícia para as pessoas que sofrem de esquizofrenia”, disse, embora tenha apontado que o medicamento não recebeu aprovação no Reino Unido.
Sameer Jauhar, professor clínico sênior de transtornos afetivos e psicose do King’s College de Londres, disse que os efeitos secundários dos medicamentos atuais, incluindo o aumento de peso e a lentidão de movimentos, podem dissuadir algumas pessoas de seguirem adiante com o tratamento.
Também afirmou que quer ver as conclusões de ensaios a longo prazo, mas acrescentou que os resultados positivos conseguidos até agora equivalem “possivelmente a um dos desenvolvimentos mais interessantes atualmente”. “Estou muito entusiasmado com tudo isso”, acrescentou.