Ambulâncias e equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) da cidade de São Paulo estão com o atendimento restringido por falta de dinheiro para combustível nos últimos dias, com os veículos saindo das bases apenas para casos graves, segundo denúncia de condutores e do sindicato dos servidores públicos.
Os relatos afirmam que a suspensão do cartão de abastecimento por falta de pagamento da prefeitura à empresa responsável, a Prime Frota, teria afetado ao menos dez veículos das zonas leste e sul. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde diz “que as ambulâncias operam normalmente” no município e que “o serviço, em momento algum, foi interrompido.”
A pasta municipal alega que houve “uma questão operacional, já solucionada, junto à empresa que opera os cartões de abastecimento neste fim de semana”, quando “viaturas reservas foram acionadas para o atendimento.”
A Prime Frota declara, em nota, que o problema ocorreu devido ao fim do “saldo contratual, pactuado entre a prefeitura e a empresa.” Diz ainda que nesta terça-feira (19), porém, “os aditivos de saldo contratual foram encaminhados” pela prefeitura.
A empresa afirma que “em nenhum momento os abastecimentos foram suspensos e, portanto, as ambulâncias do Samu realizaram seus abastecimentos normalmente”.
O Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo) afirma que recebeu depoimentos de motoristas que diferem das informações disponibilizadas pela prefeitura. Em nota pública, a entidade diz que há “uma grave situação que afeta diretamente o atendimento à população”.
À Folha o sindicato diz que ainda há dificuldade para abastecer as ambulâncias. O sindicato declara que os trabalhadores estão parados não por ação sindical, mas devido à falta de combustível por falta de pagamento do cartão de abastecimento pela gestão de Ricardo Nunes (MDB).
O uso do cartão de abastecimento teria sido suspenso de forma abrupta, sem qualquer explicação ou orientação às equipes. Um motorista ouvido pela reportagem destaca que o setor administrativo da Central do Samu pediu via rádio que em caso de necessidade de abastecimento, os requerimentos deveriam ser feitos via telefone.
A orientação impede que os relatos de desabastecimento sejam ouvidos na rede aberta via rádio por motoristas. O condutor afirma que a medida dificulta a criação de provas do problema.
Outro motorista afirma que não é possível saber o número exato de ambulâncias paradas pois os avisos aos trabalhadores foram suspensos.
De acordo com ele, todos os dias a administração municipal informa em rádio aberto quantos veículos de atendimento móvel estão rodando na capital, assim como quantos profissionais estão envolvidos.
O condutor diz ainda que os funcionários estão parados na base e só são deslocados para atendimentos graves e próximos.
Imagens aéreas captadas nesta terça-feira (19) pela equipe de reportagem do SBT mostraram diversas ambulâncias do Samu paradas nos pátios. O sobrevoo foi realizado na base de São Miguel Paulista, na zona leste da capital.