conservador, filme brilha com talento de suas protagonistas – Zonatti Apps

conservador, filme brilha com talento de suas protagonistas

Daí somos transportados de volta no tempo a Shiz, um simulacro de Hogwarts onde Glinda chega como patricinha deslumbrada e ultra popular, certa de que todas as oportunidades pousarão com facilidade em sua mão. Ela é obrigada pela diretora, Madame Morrible (Michelle Yeoh), a dividir seu quarto com Elphaba —verde de nascença, rejeitada pelo pai e originalmente ali para acompanhar a irmã, Nessarose (Marissa Bode), ela ganha espaço ao demonstrar habilidades mágicas reais.

A animosidade das duas, como reza o clichê, aos poucos cede para o respeito mútuo, que só estremece com a proximidade de ambas com o príncipe Fiyero (Jonathan Bailey), que arrasta a asa para Glinda, mas se encanta com Elphaba. O triângulo, assim como a trama dos animais que, aos poucos, perdem sua voz, e a posterior revelação mundana do Mágico (Jeff Goldblum), custam a colar como narrativa.

A essa altura, contudo, estes percalços não fazem muita diferença. Juntas ou separadas, afinal, Cynthia e Ariana são sempre um deleite. A primeira traz peso dramático à sua jornada pessoal de superação e autoaceitação, em uma interpretação que encontra a humanidade em meio a um mundo de conto de fadas. Já a segunda tem timing cômico absolutamente impecável, adicionando camadas a uma personagem que, em mãos menos capazes, afundaria no lugar-comum.

Jon M. Chu dirige Cynthia Erivo e Ariana Grande em cena de ‘Wicked’ Imagem: Universal

Se os dotes dramáticos de Cynthia Erivo e Ariana Grande estão bem calibrados, quando elas soltam a voz o nível torna-se estratosférico. Uma pena, contudo, que “Wicked” perca o brilho justamente nesse departamento: apesar de algumas músicas decentes, como “Popular” e “Defying Gravity”, a trilha de “Wicked” é uma decepção sem uma melodia memorável sequer.

Felizmente, a falta desse instante de celebração não arranha a experiência de “Wicked”. Jon M. Chu certamente sabe transformar o artificialismo digital de Oz em espetáculo, mas o coração da trama está no equilíbrio de suas protagonistas, em sua amizade insuspeita e sua habilidade quase sobrenatural de converter canções aquém de seu talento em momentos de —com o perdão do clichê— pura magia.

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