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Só quatro estados melhoraram em matemática no ensino médio

Os resultados são do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), principal termômetro da educação brasileira

Isabela Palhares, Paulo Saldaña e William Cardoso
São Paulo, SP

Apenas quatro redes estaduais de ensino avançaram no desempenho em matemática no ensino médio durante a pandemia. Em português, oito redes conseguiram aumentar a nota em comparação a 2019.

Os resultados são do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), principal termômetro da educação brasileira, e foram apresentados pelo Ministério da Educação nesta sexta-feira (16).

A média nacional indicou queda de aprendizado dos estudantes em todas as séries, nas escolas públicas e privadas, nas duas áreas avaliadas. Mas algumas redes estaduais registraram avanços no ensino médio.

A Constituição Federal define que os estados são os responsáveis pelo ensino médio. A cada dez alunos nessa etapa, oito estão matriculados em escolas ligadas às secretarias estaduais de Educação.

O Amapá foi o que teve maior melhora nos resultados, tanto em matemática como em português nessa etapa de ensino. O estado figura como o 21º no ranking de matemática, mas avançou três pontos na área –a média passou de 248,72, em 2019, para 251,96, em 2021.

Também foi o que mais avançou em português, com um aumento de 6,99 pontos. A média passou de 256,64 para 263,63. Ainda assim, o estado figura em 17º no ranking dessa área.


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Roraima, Pará e Rio Grande do Norte também tiveram avanços nas notas de matemática e português no ensino médio. Já Acre, Santa Catarina, Pernambuco e Tocantins tiveram melhoria apenas nos resultados de português.

Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, pondera que, no cenário adverso em que os dados do Saeb foram coletados por conta da pandemia, é preciso olhar com cautela para melhorias e recuos de desempenho.

O ensino médio foi a etapa com menor participação de alunos e escolas na avaliação, o que pode levar a resultados artificiais. Segundo os dados do Saeb, só 61,4% dos alunos de 3º ano do ensino médio fizeram a prova –em 2019, a participação foi de 75,6%. Apenas 37,8% das escolas que ofertam essa etapa participaram da avaliação, contra 63,6% há três anos.

Como a participação foi expressivamente menor, é provável que os estudantes mais vulneráveis e que tiveram mais dificuldades para acompanhar as atividades remotas tenham ficado de fora da avaliação.


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“Essas redes que tiveram melhoria no desempenho podem de fato ter adotado estratégias bem-sucedidas durante a pandemia, mas o aumento também pode ser consequência da menor participação dos que são mais vulneráveis. Por exemplo, com a exclusão de alunos que deixaram a escola porque tiveram que ir trabalhar”, avalia Henriques.

Santa Catarina foi o estado com a maior nota em matemática nessa etapa, apesar de ter registrado uma pequena queda, a média foi de 278,84 pontos. A média nacional da rede pública nessa área foi de 262,71 pontos.

Em português, o Paraná obteve a maior pontuação, apesar de ter tido queda de 0,64. A média do estado foi de 281,13 –mais de 11 pontos à frente da média nacional da rede pública, que foi de 269,79.

O Paraná é também o estado que obteve maior resultado no Ideb 2021 para o ensino médio, com nota de 4,6. O indicador é composto pelas notas das avaliações de matemática e português combinado com a taxa de aprovação da rede de ensino.


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Na última edição do Ideb, em 2019, o Paraná aparecia com o quarto maior resultado entre as redes estaduais, com 4,4. O aumento no indicador, mesmo com a queda de rendimento dos estudantes nas provas, é explicado pelo aumento da taxa de aprovação –em 2019, a taxa do estado era de 87,6% e subiu para 95,9% em 2021.

Segundo Renato Feder, secretário de Educação do Paraná, a pequena queda de rendimento dos estudantes no período significa que o resultado se manteve estável em relação à edição anterior.

“Nossa rede, professores e os servidores da secretaria, não mediram esforços para continuar ofertando um ensino de qualidade para os alunos durante a pandemia. Nos últimos dois anos, nós aumentamos o investimento em tecnologia e em apoio pedagógico para quem atua em sala de aula”, disse.


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O secretário citou como principais mudanças nos últimos dois anos o aumento do uso de tecnologia, como um aplicativo que corrige redações com uso de inteligência artificial, e uma lei estadual que determina aos diretores assistirem semanalmente a aula dos professores para orientá-los sobre a prática pedagógica.


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ENTENDA O IDEB

  • O que é?
    O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado pelo Inep em 2007 para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.
    O indicador é calculado para cada escola, município e estado.
  • Como é calculado?
    O Ideb é formado por dois fatores:
  1. desempenho dos estudantes no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica); as provas de matemática e português são aplicadas a cada dois anos
  2. taxas de aprovação escolar
    Com esses dois componentes é calculado o índice, que varia de 0 a 10.
  • O Ideb estabelece alguma meta?
    Sim. Quando o indicador foi criado, ficou estabelecido que a média 6 seria o objetivo. Na ocasião, foi considerado que essa média corresponderia ao sistema educacional dos países desenvolvidos.
  • Quais são os mecanismos para evitar distorções no índice?
    O Ideb foi criado equilibrando duas dimensões (nota do Saeb e tava de aprovação) para evitar que medidas pudessem alterar artificialmente o indicador.
    Por exemplo: se uma rede de ensino reprovar seus alunos com mais dificuldades para obter maiores resultados na avaliação do Saeb, o fator fluxo fica prejudicado.
    Se, ao contrário, a rede forçar a aprovação de alunos com baixo desempenho, o resultado do indicador também será prejudicado.
  • Por que o resultado do índice foi atrapalhado na pandemia?
    Como as redes de ensino seguiram a orientação de não reprovarem alunos durante o fechamento de escolas, esse componente do Ideb foi comprometido. Com a taxa de aprovação maior, o indicador de 2021 cresceu, apesar da queda generalizada de aprendizado apontada pelos resultados das provas do Saeb.

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