Na próxima quarta-feira, 28, estreia na Netflix o filme “Blonde”, estrelado por Ana de Armas no papel de Marilyn Monroe. A atriz de origem cubana interpreta a eterna musa no cinema no longa-metragem, baseado no livro de Joyce Carol Oates, que pretende explorar de forma ficcionalizada a vida de Norma Jeane na confluência entre o público e o privado.
O projeto do diretor Andrew Dominik, nascido na Nova Zelândia, vem rodeado de polêmicas desde o seu anúncio, sobretudo após ter recebido classificação indicativa para maiores de 18 anos, pelo conteúdo sexual e de nudez.
Enquanto muitos temem que o drama seja nocivo à imagem de Marilyn e mais exploratório de sua sensualidade do que realmente algo transformador, diretor e protagonista defendem a abordagem, e a atriz afirma que chegou a receber a visita do espírito de Marilyn Monroe durante as filmagens.
O filme teve sua primeira exibição mundial na Bienal de Veneza, em 8 de setembro, e dividiu a opinião da crítica especializada.
No agregador de críticas Rotten Tomatoes, o longa tem apenas 50% de aprovação, e o consenso alega que “Blonde” pode ser “difícil de se assistir por navegar entre comentar e contribuir para a exploração [de Marilyn]”, embora a atuação de Ana de Armas seja elogiada como algo “luminoso”.
Desde que começou a conceder entrevistas sobre o processo de imersão na personagem, no entanto, Armas tem rendido outras polêmicas. A atriz de 34 anos parece ter pegado emprestada a cartilha de Lady Gaga, quando esta afirmou confundir a si própria com Patrizia Reggiani e ter sido “perseguida por moscas” durante as gravações de “Casa Gucci”.
Durante coletiva de imprensa para o lançamento de “Blonde” em Veneza, de Armas afirmou que podia sentir o espírito de Marilyn Monroe a acompanhando durante as filmagens.
A atriz alegou que a sensação era mais forte quando ela estava caracterizada como a personagem em lugares pelos quais Marilyn de fato passou durante sua vida. O filme chegou a ser rodado na casa de infância da estrela dos anos 50.
“Acho que ela estava feliz, mas ela jogava coisas contra as paredes em alguns momentos, e ficava irritada quando não gostava de alguma coisa”, alegou a atriz diante de uma plateia de jornalistas.
“Nos lugares pelos quais ela passou, filmando na casa dela, havia uma sensação forte de algo no ar. Acho que ela aprovou o que estávamos fazendo. Talvez isso soe muito místico ou algo assim, mas acredito verdade, todos nós sentimos isso.”
Já em entrevista para a revista de moda e cultura AnOther, de Armas disse que visitou o túmulo de Marilyn para pedir permissão antes de encarar o primeiro dia de filmagens.
A atriz contou que deixou uma carta escrita a mão no túmulo de Marilyn, localizado no memorial Westwood Village Park, em Los Angeles.
“Pegamos um grande cartão e todo mundo da equipe escreveu uma mensagem para ela. Então nós fomos até o cemitério e colocamos o cartão no túmulo”, explicou.
“Estávamos pedindo permissão de uma certa forma. Todo mundo sentia uma grande responsabilidade, e estávamos cientes do lado da história que iríamos contar — a história de Norma Jeane, a pessoa por trás da personagem Marilyn Monroe. Quem era ela de verdade?”
Tendo ou não a “autorização” de Marilyn, o alto teor sexual do filme, segundo o diretor e a protagonista, é necessário.
“Estamos contando a história dela, do ponto de vista dela”, contou Ana em entrevista para a Variety.
“Estou fazendo as pessoas sentirem o que ela sentiu. Quando precisamos filmar esse tipo de cena, como a cena com Kennedy, foi difícil para todo mundo. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que precisava ir até lá para encontrar a verdade.”
A cena em questão, com Kennedy, é um momento do filme em que o presidente John F. Kennedy (Caspar Phillipson) força Marilyn a fazer sexo oral enquanto ele fala ao microfone.
“Ela deixa o lugar ficar tenso se ela precisa desse espaço — e, ao fazer isso, coloca ainda mais pressão sobre si mesma”, completa Dominik, sobre a postura de Ana nos sets. Para a atriz, era importante não permanecer na personagem entre um take e outro, mas o estado de espírito de sua versão da atriz de “Quanto Mais Quente, Melhor” é um de profundo lamento.
“Era pesado. Eu me sentia incapaz de ajudar porque eu não poderia mudar o que estava acontecendo [com ela]. Eu simplesmente precisava viver aquela história que eu sei como acaba”, reflete, sobre a morte de Marilyn aos 36 anos.