“The White Lotus” foi a minissérie de maior impacto de 2021. Escrita e dirigida por Mike White, a trama ambientada num resort de luxo no Havaí combinava suspense, humor e crítica social num pacote atraente. Foi indicada a 20 prêmios Emmy e ganhou dez, inclusive o de melhor minissérie do ano.
Tanto sucesso fez com que uma segunda temporada se tornasse inevitável. A nova safra ganhou um cenário ainda mais glamuroso, um hotel da fictícia rede White Lotus na cidade de Taormina, na Sicília, aos pés do vulcão Etna.
O elenco foi quase todo renovado, e apenas um personagem da primeira fase foi reaproveitado. É Tanya McQuoid, a milionária carente e autocentrada vivida por Jennifer Cooldige, agora acompanhada por seu novo marido, que ela conheceu durante as férias havaianas.
Mas o primeiro episódio foi um pouco decepcionante. Apesar das novidades, parecia mais do mesmo —um bando de americanos endinheirados curtindo uma semana num lugar paradisíaco, com uma morte servindo de estraga-prazeres.
Como na temporada anterior, a nova deslancha com a revelação de que há um cadáver, mas não revela sua identidade. Começa então um longo flashback, em que o espectador é propriamente apresentado aos atuais protagonistas.
O sétimo e último episódio, exibido no fim da noite deste domingo (11) pela HBO, finalmente contou quem morreu e como morreu. Se você não está a fim de spoilers, pare de ler por aqui.
Com uma hora e 15 minutos, uma duração um pouco maior que a habitual, este capítulo gastou bastante tempo com os casais Harper e Ethan, interpretados por Aubrey Plaza e Ethan Spiller, e Daphne e Cameron, vividos por Meghan Fahy e Cameron Sullivan.
Os dois homens são colegas de faculdade e supostamente grandes amigos, mas não conseguem esconder uma rivalidade crescente. As mulheres estão descontentes com suas vidas sexuais. Depois de uma semana de jantares, bebedeiras, insinuações e suspeitas, Ethan está convencido de que Harper o traiu com Cameron.
Esta subtrama atinge o ápice com uma briga violenta entre os dois rapazes dentro d’água do mar, a poucos metros da praia. O espectador experiente sabe que aquele é apenas um truque para fazê-lo pensar que um deles morrerá.
Quem de fato morre é… Tanya. Tire-se o chapéu para White, que teve a coragem de eliminar a favorita do público. A ricaça era justamente aquela que parecia mais segura, já que foi a única a participar das duas temporadas.
O marido de Tanya precisou voltar às pressas para os EUA, alegadamente por causa do trabalho. Acompanhada apenas por sua assistente, que ninguém sabe exatamente o que faz, ela cai facilmente na lábia de Quentin, papel de Tom Hollander, um gay de meia-idade que a cobre de elogios e a convence a se juntar a seu grupo de amigos em Palermo, onde ele possui uma vila.
Fica mais ou menos claro que as intenções de Quentin não são boas. Mas o que ele quer, exatamente? É no barco de volta a Taormina que Tanya finalmente percebe que sua vida corre perigo. O sujeito em que ela deu uns beijos na noite anterior foi escalado para levá-la de volta à terra num bote. E ele carrega uma suspeitíssima bolsa preta, que Tanya consegue pegar quando corre para uma das cabines.
O conteúdo da bolsa é aterrorizante: uma corda, um rolo de fita adesiva e uma pistola carregada. Quentin e sua turma, mancomunados com o marido de Tanya, querem matá-la e dividir sua fortuna. Aterrorizada, ela pega o revólver e sai atirando. Mata quase todos.
Mas acaba morrendo também, pois erra a pontaria ao se jogar no barquinho que a levaria à praia. Cai no mar e se afoga. É dela o corpo que Daphne descobre no dia seguinte, flutuando perto da areia.
O final ousado talvez redima a dúvida que se instalou entre os fãs de “The White Lotus”, a de qual temporada é a melhor. Talvez esta última, pois White não teve pruridos de queimar todos seus cartuchos. Uma terceira safra talvez se mostre impossível, mas esta, com muitas traições e cenas de sexo, já foi de bom tamanho.