Dois milhões de pessoas, vindas de fora de Brasília, são esperadas na cidade para a posse do presidente Lula, no dia primeiro de janeiro.
Vale tudo para chegar lá: caravanas organizadas, caronas em carros de desconhecidos.
Vale tudo para dormir lá: com a lotação de hotéis e apartamentos para alugar, aceita-se dormir no sofá de quem tiver o gesto de grandeza de ceder um pedacinho de chão para o outro entrar.
Vale acampar na chuva.
Vale dormir dentro do próprio ônibus.
Nos grupos de Whatsapp e Telegram, as pessoas oferecem quartos, vagas em carro, trocam informações como proceder na cidade, como circular em grupos, posto que a cidade estará apinhada de terroristas supremacistas.
Defensores de um projeto supremacista terrível porque não raciocinado. Muito se parecem com animais decidindo o que fazer no dia seguinte. Não à toa, os apoiadores de Bolsonaro ganharam o apelido de “gado”.
Agora, todas as estradas levam à Brasilia.
Por dois motivos.1) Há uma comoção com a história de um sujeito que foi preso inimigos políticos (não jurídicos), em pouco tempo, como Conde de Monte Cristo, volta para ser Presidente da República mais uma vez.
2) Há a adesão de uma nova militância. Os identitários que os brancos liberais tanto temem. Do Rio de Janeiro, na manhã do dia 31, sairá caravanas de ônibus que se agrupam de acordo com suas identidades. Haverá o ônibus dos movimentos feministas, e em outro ônibus vai a turma do movimento negro, e em outro para o público LGBTQIA+
O que os defasados chamam de “turma da lacração” e “cultura do cancelamento”, é só as minorias finalmente, após séculos, dizendo “Basta. Isso não vai ficar assim. Se vier, terá revide. Se assediar, será exposto.” Dia primeiro, goste-se ou não, será um dia que agradaria muito o americano Joseph Cambpell, guru da narrativa do herói moderno. O que influenciou a criação de Guerra nas Estrelas, do bem absoluto, injustamente preso (como a princesa Lea no primeiro filme) contra o mal absoluto, que flerta com o nazismo, chama reividicação de mimimi, e fala para um grupo de homens que já passaram dos 50, viram sua libido cair, e transferiram suas taras para os grupos de zap que o Bolsonarismo soube usar muito bem, a favor do o mal (Campbeliano)
Os ministros de Lula 3 são consequência dessa gente nova que percebeu-se melhor do que a antiga. Quando, aqui, na coluna, atentamos, anos atrás, que a entrevista do Silvio Almeida à TVCultura (disponível do youtube do canal) era um marco civilizatório na curtura brasileira maior do que toda a semanda de 22.
Silvio, ainda é o tipo de sujeito que sabe tudo de cultura pop. De quadrinos à series. Uma pessa capaz de discorrer sobre os uniformes do Wolverine ao longo dos tempos e ao mesmo tempo possuir um conhecimento teórico em algo preto que Portugal sempre quis apagasse dos livros de história.
Pos então. Saem os livros que ensinam que a Terra é plana e volta o entendimento de que a terra é redonda.
Sai Marielle Franco, asassinada por um sujeito com ligações com o governo federal, e entra, pouco tempo depois, Anielle Franco. Ela, se quiser, consegue descobrir quem e porque a marcou.
Sai o pouquíssimo erudito Sergio Camrargo, e entra o presidente do Olodum.
E os jovens continuam vindo cada vez mais com todas as cores, todas as sexualidades… e a cor da calcinha
Somos um país espiritual. Um país governado por um Deus que raramene nos perdoa. E que, agora, com o Bolsonarismo, esse Deus inventado,.
Temos fé na estrada
E estamos indo à Brasilia.
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