Poucos nomes dos bastidores da música conseguem atingir o status de lendas. Estamos falando das pessoas que ficam por trás das bandas e artistas — empresários, como Brian Epstein e Colonel Tom Parker; engenheiros de som, como Steve Albini e Atticus Ross e, claro, produtores, onde Rick Rubin se tornou um dos poucos a entrar nesse panteão.
Com seu jeitão único e desleixado, Rick é uma das figuras mais peculiares da indústria da música e foi responsável por grandes feitos durante sua trajetória.
Talvez o melhor exemplo disso seja o ano de 1986, onde ele conseguiu, ao mesmo tempo, emplacar uma das maiores bandas de Metal da história (Slayer), assinar o melhor trabalho de um grupo lendário de Rap (Run-DMC) e lançar ao estrelato três jovens brancos (!) que faziam Hip Hop (Beastie Boys).
Rick Rubin disse que não entende nada de música
Mas, claro, esse é apenas um ano de sua trajetória impressionante, e as pessoas voltaram seus olhares para Rick quando ele começou a falar um pouco mais sobre suas técnicas de produção. Que, no caso, não existem: o nome do produtor viralizou quando ele disse que não entende nada de música, e que seu grande trabalho é, basicamente, dizer o que é bom e o que não é.
Contra fatos não há argumentos e a discografia de Rubin torna impossível desmerecer seu trabalho, seja ele qual for. Assinando centenas de projetos, o produtor já trabalhou com alguns dos maiores nomes do planeta e, na grande maioria dos casos, se tornou responsável por elevá-los ao seu auge ou fazer com que eles reencontrassem suas melhores versões.
Com tantos trabalhos diversos assim, parece loucura querer selecionar quais foram os melhores da carreira de Rick Rubin. Ainda assim, o TMDQA! resolveu ao menos tentar montar essa lista e, abaixo, você confere como ficou nossa seleção.
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Os 10 melhores discos produzidos por Rick Rubin
Audioslave – Audioslave (2002)
Começamos a lista com um projeto que surgiu já com muita expectativa. O Audioslave foi formado a partir da junção dos instrumentistas do Rage Against the Machine com o saudoso Chris Cornell, do Soundgarden, e assim como acontece com todos os supergrupos, tinha tanta chance de dar errado quanto de dar certo.
A questão aqui é que muito provavelmente Rubin sabia qual o caminho a ser seguido. Afinal de contas, foi justamente ele quem sugeriu que os membros do RATM entrassem em contato com Chris, tendo convencido os músicos ao mostrar “Slaves & Bulldozers”, do Soundgarden, para eles.
O resultado foi um dos maiores supergrupos da história, e apesar das críticas à produção de Rick por aqui, é inegável que o primeiro álbum do Audioslave trouxe alguns hits atemporais como “Like a Stone”, “Cochise” e “Show Me How to Live”.
Beastie Boys – Licensed to Ill (1986)
O ano de 1986 foi absolutamente emblemático para Rick Rubin. Tanto que essa lista terá três álbuns lançados naquele ano, e começamos por Licensed to Ill, do Beastie Boys. A grande sacada do produtor foi justamente unir os mundos do Rap e do Metal, o que aconteceu de forma mais marcante em “No Sleep Till Brooklyn”, faixa que conta com a participação de Kerry King, do Slayer.
Na época, Rubin estava produzindo as duas bandas simultaneamente e uma coisa levou à outra; o resultado se expandiu para outras faixas, como “Fight For Your Right”, que abriram espaço para toda uma geração que passou a enxergar inúmeras conexões entre mundos anteriormente tão distantes.
Black Sabbath – 13 (2013)
Poucas missões na vida de Rick Rubin foram tão impactantes quanto a que ele assumiu com o Black Sabbath. O projeto de colaboração entre as duas partes começou em 2001, mas ficou engavetado por mais de uma década e só foi tomar forma em 2013, quando o aclamado 13 veio ao mundo.
Pensado para ser o disco de despedida de uma das maiores bandas de Metal do mundo, 13 foi um presente para Rick no sentido de lhe dar a oportunidade de resgatar a sonoridade de uma banda que vinha de diversos lançamentos ruins. Por isso, toda a pegada do álbum é bem crua, com foco em deixar a criatividade dos músicos fluir.
O resultado é uma obra digna de encerrar a carreira do Sabbath, com canções como “God Is Dead?”, “Loner” e “Age of Reason” surgindo como algumas das melhores de toda a carreira do grupo.
Johnny Cash – American IV: The Man Comes Around (2002)
Talvez o trabalho mais especial da carreira de Rubin tenha sido o de revitalizar Johnny Cash. Ícone da música americana, o cantor se via sem muita saída quando teve um encontro improvável com o produtor em um show no final de 1992, despertando em Rick um sentimento de que Cash estava sendo injustiçado pela indústria da música.
Os dois passaram a trabalhar juntos e daí surgiu a série American, que marcou o final da vida de Johnny Cash e lhe deu alguns de seus últimos sucessos, incluindo a versão espetacular do cantor para “Hurt”, do Nine Inch Nails, que aparece no quarto capítulo, The Man Comes Around.
Nesse disco, Cash ainda contou com ajuda de nomes como Nick Cave, Fiona Apple, John Frusciante e muito mais, eternizando seu legado e sua influência de uma vez por todas.
The Mars Volta – De-Loused in the Comatorium (2003)
Quando o The Mars Volta surgiu como um novo projeto de integrantes do At the Drive-In, era difícil pensar o que poderia sair disso. Afinal de contas, tratava-se de uma banda com uma enorme liberdade criativa. O que mais poderiam querer? Qual direção iriam seguir?
De-Loused in the Comatorium ofereceu respostas excelentes para tudo isso, e ainda que a banda não tenha voltado a produzir com Rick Rubin, é inquestionável o sucesso dessa parceria. Com faixas que unem os elementos Hardcore que marcam a carreira do ATDI e outros detalhes ligados a gêneros como o Rock Progressivo e a música latina, o álbum é uma verdadeira obra-prima.
Red Hot Chili Peppers – Californication (1999)
Uma das bandas mais ligadas ao nome de Rubin é o Red Hot Chili Peppers. Tanto que escolher apenas um resultado dessa parceria é uma tarefa dificílima, mas por mais que álbuns como Blood Sugar Sex Magik e By the Way tenham um papel fundamental na carreira dos Peppers, nenhum supera Californication.
Fechando o milênio com chave de ouro, o trabalho se tornou um dos mais populares de todos os tempos e evidenciou uma nova direção, mais Pop e radiofônica, de uma banda que já tinha se tornado bastante conhecida por sua fusão única de Rock e grooves.
Aqui, canções como “Scar Tissue”, “Under the Bridge”, “Otherside” e a própria faixa-título serviram para aumentar (e muito) o público do RHCP, ao mesmo tempo em que outras como “Around the World” garantiam que a banda não perderia sua essência.
Run-DMC – Raising Hell (1986)
Primeiro grande disco do produtor, Raising Hell é um bom cartão de visitas para se entender o trabalho de Rick Rubin. Ao trabalhar com um dos grupos de Hip Hop mais populares da época, se recusou a deixá-los seguir pelo caminho mais confortável; ao invés disso, os levou para uma direção nova, mais simbolizada pela versão de “Walk This Way”.
Com um sample icônico de Aerosmith e já mostrando o flerte de Rubin com a ideia de unir dois universos tão diferentes, a canção é, também, um exemplo de como a produção de Rick nunca esteve tão ligada a qualquer grande segredo de técnica, mas sim a uma abordagem simplificada e direta ao ponto de um cara apaixonado pela música e, claro, com uma pitada de loucura em si.
Um marco na história da música!
Slayer – Reign in Blood (1986)
Último dos discos de 1986 na lista, Reign in Blood talvez seja o mais importante para a carreira de Rick Rubin.
O álbum do Slayer foi um dos casos onde duas partes se beneficiaram muito uma da outra. Na época conhecido como um produtor de Hip Hop que estava começando a conquistar bastante espaço, Rubin decidiu abraçar o Metal de um jeito que ajudou a popularizar a banda de Tom Araya e companhia e, ao mesmo tempo, mostrou ao mundo que ele poderia ajudar a lançar qualquer banda, independente da direção sonora.
Eternizado como um dos maiores álbuns do Metal de todos os tempos, Reign in Blood tem todos os ingredientes na dose certa: polêmica, simbologia forte, riffs pesados e vocais intensos.
Slipknot – Vol. 3: The Subliminal Verses (2004)
Pois é: talvez você não saiba, mas até o Slipknot já teve um disco produzido por Rick Rubin. E, curiosamente, a banda não gostou muito da experiência — tanto que nunca a repetiu — e justamente por isso serve como um bom exemplo da tática de trabalho do produtor.
É difícil saber quem é o verdadeiro responsável por isso, mas o fato é que a abordagem de Rubin, que foi criticado pelos membros da banda de Metal por sua ausência durante o processo, acabou de uma forma ou de outra levando o grupo ao seus maiores sucessos radiofônicos.
Com canções como “Before I Forget” e “Duality”, o Slipknot realmente furou a bolha. Quanto disso se deve a Rubin e quanto à banda é uma algo a se discutir; indiscutível, aqui, só mesmo o resultado da parceria.
System of a Down – Toxicity (2001)
Outro caso de parceria de sucesso, o System of a Down também tem uma longa parceria com Rick Rubin. Mas, aqui, fica bem claro que Toxicity é o grande ponto alto, ainda que outros álbuns como a dupla Mezmerize e Hypnotize tenham tido bons resultados.
Com canções como “Chop Suey!” e a própria faixa-título, Rubin e o SOAD provaram que, naquela altura do campeonato, era possível trazer novos elementos e um som pesado ao mesmo tempo em que se abraçava a sonoridade da época; provaram, também, que era possível levar palavras de protesto em meio a refrães grudentos e radiofônicos.
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