Diante da suspeita levantada pelo relatório divulgado pelo The Guardian, o tema gramado sintético voltou aos holofotes. Isso porque, de acordo com o jornal britânico, é possível que o tipo de grama utilizada em estádios de beisebol, nos Estados Unidos, tenha causado a morte de seis atletas da modalidade.
No caso, os jogadores morreram por complicações de um câncer raro no cérebro. Todos faziam parte do time do Philadelphia Phillies que, por décadas, competiu em grama artificial no Veterans Stadium.
Segundo Alessandro Oliveira, CEO da Soccer Grass Brasil, esse problema jamais aconteceria no Brasil, já que o sintético usado no país é completamente diferente do que era usado na arena dos Phillies, nos Estados Unidos.
“As gramas fabricadas até o inicio de 2000 tinham metais pesados na fabricação dos fios, assim como boa parte dos materiais de plásticos que precisavam manter a cor. Porém, desde então, estes metais não são mais usados, e o caso dos jogadores de beisebol é daquela época”, afirmou Oliveira.
O especialista é o responsável pelo campo do Allianz Parque, estádio do Palmeiras e o estádio Bruno José Daniel, do Santo André, que utilizam o tipo de gramado em questão. Oliveira cita a Fifa para assegurar a segurança do campo.
“Eles [a Fifa] mandam o laboratório e os especialistas e eles fazem os testes, de performance e resultados. Tudo que acontece no gramado natural precisa acontecer exatamente igual na grama sintética. Por isso que o jogo é regular do início ao fim e não existem mudanças entre o gramado natural e o sintético”, comentou o especialista.
Em relação às supostas doenças causadas pelo gramado sintético, o CEO da Soccer Grass Brasil desmente a possibilidade do material usado atualmente ser causador de algum tipo de câncer, como sugeriu o periódico britânico.
“Todas as nossas linhas de produtos, seja derivado de plástico ou polietileno, contém zero metais pesados ou derivados. Então, isso elimina qualquer risco de qualquer tipo de doença que você possa contrair quando usa a grama”.
Oliveira também fala sobre os benefícios do gramado sintético, que vão desde a diminuição da ocorrência de lesões nos atletas a redução nos custos com manutenção para o clube. De acordo com o especialista, um gramado sintético é mais vantajoso não somente por proporcionar uma “partida mais regular”, mas principalmente porque o clube consegue sediar outros eventos sem prejudicar o campo de jogo.
“Além disso, existe bastante estudo e cuidado para que não tenha nenhum tipo de abrasão (ralado) para o jogador. Então, se esse jogador cai, ele não vai se queimar, não vai se ralar igual aos gramados antigos, como os de society. Antes, muitas vezes o jogador se machucava e agora, com esses testes que a gente faz da Fifa, tem também dentro dele os testes de segurança do jogador e isso elimina totalmente qualquer outro tipo de lesão que o jogador possa vir a ter”, completou o especialista.
Conhecido por sediar shows e festivais de música, o Allianz Parque nem sempre teve gramado artificial. Reinaugurado em novembro de 2014, o antigo Palestra Itália foi reformado pelo grupo WTorre e agora tem grama sintética. Porém, a mudança só foi feita em 2020, quando o gramado da Arena deixou de ser natural e passou a ser sintético.
Desde então, o Palmeiras registrou menos lesões em seus jogadores e conseguiu manejar mais eventos no calendário da Arena, sem prejudicar completamente os jogos do Verdão.
Em meio a provocações, são-paulinos falam sobre jogo no Allianz: ‘Tudo muito novo’