Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), mostrou-se bastante incomodado com as críticas recebidas após recomendar às federações e associações esportivas que reintegrem atletas russos e belarussos a competições internacionais como competidores neutros. Em declaração durante o terceiro dia de reuniões sobre o assunto com a alta cúpula da entidade, Bach foi duro ao responder os questionamentos.
“É deplorável ver que há governos que não querem respeitar a opinião da maioria, tampouco a autonomia do esporte”, disse. “É lamentável que esses governos não abordem a questão dos dois pesos e duas medidas. Não vimos um único comentário a respeito da postura deles sobre a participação de atletas de países das outras 70 guerras e conflitos armados ao redor do mundo”, concluiu.
Bach foi questionado porque o COI não atua da mesma forma com atletas de outras nações responsáveis por conflitos bélicos e respondeu que a invasão à Ucrânia se deu enquanto os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim estavam em curso, o que configura “uma violação flagrante da Carta Olímpica”.
A recomendação de reintegração foi criticada publicamente por figuras políticas públicas. Uma das primeiras manifestações foi de Nanncy Faeser, ministra do Interior da França, que disse ver o posicionamento do COI como “uma bofetada nos ucranianos”. O Ministério da Juventude e dos Esportes da própria Ucrânia também se posicionou contra e defendeu que esportistas da Rússia e da Belarus não devem “estar presentes em arenas esportivas”.
Bach disse não concordar com as manifestações dos governos, pois defende que é a decisão cabe às federações e associações esportivas. “Não cabe aos governos decidirem que desportistas devem participar de uma competição. Seria o final do esporte tal como o conhecemos hoje”, afirmou.
As críticas ao COI, contudo, vieram de todos os lados. O Comitê Olímpico Russo se pronunciou para dizer que os critérios estabelecidos para o retorno de seus atletas a competições internacionais são “uma farsa”. Na reunião desta quinta, Bach classificou o posicionamento da Rússia como “inaceitável”.
Conforme recomendado pelo COI, atletas russos e belarussos podem competir individualmente de forma neutra, sem representar nenhuma bandeira, desde que não tenham nenhuma ligação militar com seus países e que não tenham apoiado a invasão promovida pela Rússia na Ucrânia, motivo das sanções em vigor ao redor do mundo atualmente.
De acordo com o Ministério de Defesa da Rússia, mais de 20 medalhistas russos dos Jogos Olímpicos de Tóquio ocupavam cargos militares e 45 eram filiados ao Clube de Esportes do exército. Esse é um dos motivos que causaram a revolta em relação aos critérios. Presidente do comitê russo, Stanislav Pozdniakov diz que tais determinações impedem a participação de quase 30% dos esportistas russos.
Outra regra determinada pelo COI é que a liberação não se estende a esportes coletivos. Também fica proibido aos atletas a exibição de bandeiras nacionais nas redes sociais ou declarações “que possam ser prejudiciais aos interesses das competições, sua integridade e à neutralidade do participante.”
Apesar da movimentação pela reintegração dos atletas da Rússia e de Belarus, ainda não há uma definição sobre a participação deles nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. De acordo com Bach, uma declaração a respeito do assunto será dada “no momento apropriado”.
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