O Napoli está cada vez mais próximo de vencer o Campeonato Italiano e, assim, conseguir o terceiro “scudetto” do time, um sinônimo de conquista do título da Série A do país.
Na história, a equipe só tem dois títulos nacionais, nas temporadas de 1986-87 e 1989-90. As duas conquistas foram lideradas por ninguém menos que Diego Maradona, mas na segunda vez que o argentino genial levantou a taça ele teve o apoio no ataque de Careca.
Em entrevista ao R7, o ex-atacante lembra sobre a importâcia do título para os napolitanos. “O torcedor está nesse momento de muita alegria e a cidade está toda enfeitada, realmente será uma grande conquista e uma grande festa.”
No Brasil, Careca é ídolo no Guarani, quando conquistou o Brasileiro de 1978, e no São Paulo, onde foi campeão nacional em 1986 e bicampeão Paulista. Como trocedor do Tricolor, ela lamenta o atual momento do clube.
“Eu vejo um São Paulo, infelizmente, um pouco sem crédito. O Rogério já também está há um bom tempo no São Paulo e não está conseguindo fazer o time jogar. Acredito que esse ano vai ter dificuldade no campeonato Brasileiro.”
Confira a íntegra da entrevista com Careca:
R7 – Qual a importância da conquista do campeonato Italiano no Napoli, já que o último foi na temporada de 1989/1990?
Careca – O terceiro scudetto, com certeza, tem uma importância enorme. O último eu ainda participei, que foi em 1989/1990, que foi o segundo, praticamente após dois ou três anos do primeiro. Agora, o Napoli tem tudo para ganhar esse terceiro scudetto após 33 anos. Todo o povo napolitano está envolvido e, em talvez mais duas partidas conseguindo a vitória, praticamente já se consagra campeão. O torcedor está nesse momento de muita alegria e a cidade está toda enfeitada, realmente será uma grande conquista e uma grande festa.
R7 – Como foi jogar com o Maradona no Napoli?
Careca – A minha história no Napoli, sem dúvida nenhuma, foi muito por causa do Maradona. O sonho de jogar ao lado dele e vencer ao lado dele foi uma conquista, eu fui buscar esse sonho. Graças a Deus, ele foi realizado e aconteceu uma amizade ímpar, uma amizade transparente, onde ficamos muito amigos não só dentro do campo, mas principalmente fora do campo. A gente se dava super bem, com ele com a esposa Cláudia, as filhas. Tenho ótimas recordações, ótimos momentos que tivemos juntos, fazendo um churrasco, comendo uma feijoada, ele gostava muito de feijoada.
Nas quintas-feiras, meio de semana, a gente fazia uma feijoada. A gente se divertia muito contando histórias, curtindo os nossos filhos e curtindo o momento de jogar junto.
R7 – Quais são as expectativas para a Champions League?
Careca – As expectativa são muito grandes: do Napoli, da torcida, de todos os jogadores e treinadores, do presidente, enfim, de chegar mais longe nessa Champions. É sempre difícil e nunca chegou a passar para as quartas de final. Esse é o primeiro ano, enfrenta uma equipe italiana que conhece muito bem, o Milan. Vejo o Napoli favorito pelo que vem fazendo, pelos seus jogadores diferenciados e técnicos, com fome de fazer, de marcar a história. Sem dúvida nenhuma, seria o máximo.
[O Napoli entra em campo na tarde desta quarta-feira e precisa de uma vitória por mais de um gol contra o Milan para chegar pela primeira vez nas quartas de final da competição de clubes mais importante da Europa.]
R7 – Com as vitórias recentes o Napoli tem ganhado apoio da torcida, o que vai em oposição ao que está acontece no São Paulo, time do qual você também é ídolo. Qual a sua opinião sobre essa situação?
Careca – É um time que tenho o maior carinho, respeito e sou muito grato pelos cinco anos que ali estive. Me diverti, conquistamos títulos importantes, mas principalmente conquistamos muito o torcedor. Hoje, eu vejo um São Paulo, infelizmente, sem crédito. Sou torcedor e vejo um torcedor persistente, que está indo no campo, prestigiando, mas volta para casa triste. Ganhar, empatar, perder, faz parte. Mas da forma que vem jogando, não convence.
Teve a mudança do presidente, que também não está conseguindo dar tudo aquilo que o torcedor merece. Os reforços não estão se encaixando. Acho que não é só culpa do Rogério Ceni, acho que é de todos.
R7 – O que você pensa sobre as contusões frequentes no São Paulo?
Careca – Teve troca também do staff da parte médica. Infelizmente, nunca vi um time machucar tanto, uma coisa que não é de hoje, é coisa de dois anos, são muitas contusões. É preciso rever isso, porque também você não consegue montar uma equipe com quatro ou cinco titulares na enfermaria. É um momento triste, mas a gente acredita, porque o São Paulo é sempre gigante.
R7 – Outro paralelo com o Napoli é que há especulações da possibilidade de trazer um técnico italiano para a seleção brasileira. Você concorda?
Careca – Vejo uma situação bastante delicada, mas temos que acreditar em uma renovação. Não sei se o treinador estrangeiro seria a solução. Acho que temos treinadores brasileiros ou treinadores estrangieros que já estão aqui, e já conhecem o nosso sistema, o sistema da CBF. Às vezes, vem um treinador e até ele se adaptar, porque é um é um processo complicado, e fica difícil.
R7 – Você conhece o Ancelotti, o que pensa sobre ele?
Careca – Vejo falar muito do Ancelotti, conheço ele muito bem como jogador, como treinador também, é um vencedor. Ele já está quase pensando em um final de carreira, de curtir mais com a família, mas existe uma expectativa.
R7 – Você acredita que o treinador tenha de ser exclusivo da seleção brasileira?
Careca – Eu vou mais pelo palpite, talvez, usar um treinador que não precisasse nem ser fixo. Um treinador que possa trabalhar no tempo que tem os campeonatos, que tem os compromissos da seleção brasileira e que possa atuar como treinador da seleção. Aí volta para o seu clube e dá sequência no seu trabalho. A seleção, praticamente, joga oito, nove, no máximo 10 partidas por ano, acho que nem isso, e às vezes o treinador fica sem saber, fica perdido. Sou favorável a talvez fazer esse revezamento. Faz a convocação, vem o treinador, ele volta para o seu clube. Seria também uma opção interessante, mas espero que ocorra a melhor escolha.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Carla Canteras
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