‘Meia-entrada baixa renda’ a R$ 2 mil: por que os ingressos de shows no Brasil são tão caros? – Entretenimento – Zonatti Apps

‘Meia-entrada baixa renda’ a R$ 2 mil: por que os ingressos de shows no Brasil são tão caros? – Entretenimento


Andrea Bocelli confirmou, na última semana, a vinda dele ao Brasil em maio de 2024, mas o valor dos ingressos gerou polêmica nas redes sociais. O ingresso intitulado “meia-entrada jovem baixa renda” rendeu, inclusive, memes, porque dá a entender que seja uma entrada com valor mais acessível; porém, é vendida por até R$ 2.310 — R$ 1.650 é o preço mais baixo.


Mas, afinal, por que os ingressos dos shows no Brasil são tão caros? O produtor técnico Dani Pires, o CEO da Ticket 360, Fábio Salva, e o especialista musical Marcelo de Assis conversaram com o R7 sobre o assunto.


Dólar alto e pandemia


Dani Pires disse que, no caso específico de Andrea, além do cachê que o próprio cantor cobra, o preço do dólar influencia, já que ele está caindo, mas continua muito alto.


“As empresas que trazem os shows também querem investir o mínimo possível para ganhar o máximo para cobrir os eventuais prejuízos da pandemia, então os fornecedores estão jogando os preços para cima, não só para competir no mercado atual”, explicou.



O especialista musical Marcelo de Assis afirmou que os ingressos estavam ficando mais caros antes da pandemia. Porém, durante o período, foi possível observar o caos em que o universo do entretenimento entrou, já que a indústria musical atual necessita de shows para as finanças do setor.


Oferta e demanda


Para Marcelo, a oferta e a demanda também influenciam muito no valor dos ingressos: “Quando um artista é muito conhecido, o preço torna-se alto”. Ele também afirmou que há os custos de mão de obra especializada embutidos nos tíquetes.


Ele ainda explicou que seria interessante, com uma demanda tão alta, que os preços fossem mais acessíveis, como no caso dos 11 shows que o Coldplay fez no Brasil, em março deste ano.


“Mas talvez a produção da turnê não tenha entendido dessa forma e, sim, por ser realmente um grande espetáculo, que para eles foi cobrado um valor justo, mas fora da realidade no Brasil”, reforçou.















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Artista ‘refinado’














Dani Pires explicou que Andrea Bocelli não é como um artista pop que faz turnê frequentemente: “É uma coisa mais refinada. Não o vejo no Brasil sempre. Uma coisa é o Red Hot Chili Peppers, Foo Fighters, Guns N’ Roses, que são bandas que tocam aqui toda hora e já têm uma logística e um esquema montado. Andrea não, ele faz menos turnês e, consequentemente, os esquemas são mais caros, porque, quando você contrata em grande quantidade, consegue baratear”.


Além disso, Marcelo afirma que Bocelli é um ícone da música clássica e um dos grandes tenores da atualidade: “Esse tipo de espetáculo nunca contou com preços acessíveis no Brasil. Existe uma seletividade para esse gênero musical, pelo qual o público paga esses valores normalmente”.















Meia-entrada e taxa de serviço














Dani disse que outro fator que ajuda no preço alto é a questão da meia-entrada, já que os empresários sabem que a maior parte das pessoas compra esses ingressos.


“Eles jogam o preço lá para cima, porque assim eles ganham um valor que vale a pena e não tomam prejuízo. Se o preço está R$ 2.000, ele vai tirar a média de R$ 1.000 por causa da meia-entrada”, disse.


Segundo Fabio Salva, a cobrança da taxa de serviço é necessária para viabilizar o serviço prestado pelas empresas de tíquete, como a Ticket360.


Salva explicou que a taxa é utilizada para cobrir os custos de infraestrutura, desenvolvimento de sistemas, contratos com bancos, antifraude, reserva de lugares e muito mais. Ele também listou os impostos federais, estaduais e municipais: “Muitos dos custos são percentuais, como é o caso dos impostos, que chegam a 20,65%”.


“Sem a taxa, não seria possível oferecer um serviço de qualidade aos produtores e consumidores, e estaríamos ainda vendendo ingressos físicos em bilheterias de forma amadora e limitada”, explicou.


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* Estagiária do R7, sob supervisão de Camila Juliotti

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