O cantor, ator e ativista Harry Belafonte morreu nesta terça-feira (25), em seu lar, um apartamento em Manhattan, nos Estados Unidos da América, aos 96 anos. O The New York Times confirmou a informação, através do porta-voz de Harry, que informou que a provável causa da morte foi falha cardíaca.
Em 1950, no ápice da segregação racial nos Estados Unidos, Harry Belafonte foi um dos primeiros artistas negros a ingressar nas paradas de sucesso musical e a protagonizar em programas de Tv, junto a nomes famosos, como: Louis Armstrong e Ella Fitzgerald.
Nova-iorquino e filho de pais jamaicanos, Belafonte ingressou em ritmos tropicais e gerou grandes sucessos na indústria da música, principalmente com o álbum “Calypso”, de 1956, com músicas que ficaram na história, como: “Day-O (The Banana Boat Song)” e “Jamaica Farewell“.
Apresentação ao vivo de Harry Belafonte cantando “Day-O” (vídeo: reprodução/Youtube/Harry Belafonte Television And Video Archive)
As apresentações em programas de TV foram cada vez mais requisitadas e se tornaram febre. Em 1959 ele já era considerado o cantor negro mais bem remunerado. Músicas como “Matilda“, “Lead Man Holler” e “Scarlet Ribbons“, também foram sucesso e provava ser uma pessoa eclética ao tocar hits como country, folk e jazz.
Já nas telas de cinema, Harry protagonizou um musical “Carmen Jones” de 1954, que rendeu a sua amiga Dorothy Dandridge a primeira artista negra ser indicada ao Oscar como protagonista. Já no filme “Ilha nos Trópicos” de 1957, trouxe um romance entre ele e uma atriz branca interpretada por Joan Fontaine, o que levou à polêmicas sobre casais inter-raciais no continente norte-americano.
Dorothy Dandridge e Harry Belafonte em “Carmen Jones”. (Foto: reprodução/memoriascinematograficas.com)
Harry também protagonizou outros papéis em filmes, como: “Homens em Fúria” (1959), “Um Por Deus, Outro Pelo Diabo“ (1972), “O Jogador” (1992), “Prêt-à-Porter“ (1994), “A Cor da Fúria” (1995), esse com protagonismo ao lado de John Travolta. e “Infiltrado na Klan“ (2018).
Em sua jornada, Harry Belafonte conseguiu Oscar (o honorário Jean Hearsholt Humanitarian Award, em 2015), um Emmy em 1960, por performance de variedades, em The Revlon Revue, três Grammys, incluindo um pelo conjunto da carreira, em 2000 e um Tony, pelo especial musical John Murray Anderson’s Almanac, em 1954.
Harry Belafonte posa com o troféu do prêmio por sua carreira, reconhecida pelo Festival Cinematográfico de Locarno em Ascona (Suíça). (Foto: reprodução/AP/Urs Flueeler/Keystone)
Em conjunto com sua carreira artística, Belafonte acabou encabeçando e se tornando um importante líder no movimento de direitos civis dos negros. Sua velha amizade com Martin Luther King Jr. provocou diversas aparições em protestos do movimento, bem como esforços para conseguir verbas em diversas manifestações lideradas por King.
Sempre com objetivos claros, Belafonte sempre lutou pelos direitos de igualdade racial: “Eu espero um dia poder parar de responder perguntas de repórteres como se eu falasse por toda a minha comunidade. Eu odeio sair por aí marchando, odeio receber ligações às três da manhã para tirar as pessoas da cadeia“.
Harry Belafonte e Martin Luther King em momentos de descontração (foto: reprodução/memoriascinematograficas.com)
Harry Belafonte deixa Pamela Frank, sua esposa, com quem estava casado há 15 anos. Antes, foram dois casamentos que geraram quatro filhos, uma delas é a atriz e modelo Shari Lynn Belafonte.
Foto destaque: Harry Belafonte durante estreia de “Spider-Man: Turn Off The Dark” na Broadway, em Nova York, em junho de 201. Reprodução: Reuters/Jessica Rinaldi/Arquivo