Isso que é má sorte! Ivan Moré compartilhou um vídeo em suas redes sociais para fazer um desabafo após ser assaltado à mão armada pela terceira vez em menos de um ano. O jornalista mora no Brooklin, bairro nobre da cidade de São Paulo, e decidiu expor a situação por estar muito indignado.
– Faz dois dias que estou refletindo se posto ou não posto o conteúdo desse vídeo. E hoje cheguei à conclusão que não dá para fingir que não aconteceu e que o conteúdo dele também sirva de alerta para as pessoas que vivem na cidade de São Paulo, na capital paulista. No domingo passado eu fui assaltado pela terceira vez à mão armada na cidade de São Paulo em menos de um ano, começou ele.
Em seguida, o comunicador contou como ocorreu o assalto.
– Fui fazer uma corrida de manhã no Parque do Povo. Eu moro no Brooklin e, na volta, eu estava com a minha namorada, nós passamos no supermercado que fica a duas quadras da minha casa, pegamos duas sacolas de comida básica, frios frutas, e viemos para casa a pé. Na esquina de casa, fui abordado por dois motoqueiros com a arma em punho. Levaram todos os pertences, telefone celular. E aí, mais uma vez, fiquei assustado e, por muito pouco, não aconteceu o pior. Mas aí me questiono: é a terceira vez que acontece em São Paulo isso, será que existe alguma coisa de errado comigo ou será que não existe alguma coisa de errado com a segurança da cidade como um todo, não é um problema um pouco mais amplo?
Após relatar o episódio, Ivan detalhou as outras duas vezes em que foi surpreendido por assaltantes na capital paulista e revelou que deixou de gravar conteúdos na rua por medo.
– Na primeira vez, em novembro de 2021, eu estava no bairro também, tirando meus filhos do carro, numa rua tranquila, num sábado à tarde. Me abordaram por trás. No ano passado, em outubro, no bairro da Saúde, eu descia na frente do prédio de um amigo, simplesmente para curtir um churrasco. Estava sozinho no carro e, quando saí, fui abordado por dois homens que colocaram a arma na minha cabeça. E no domingo, mais uma vez, dois motoboys chegaram num assalto com arma e me levaram tudo. Fico muito chateado, muito triste, que, além do risco que temos, essa sensação permanente de insegurança… Por exemplo, não saio mais na rua em São Paulo, em momento nenhum a pé. Aqueles conteúdos que eu sempre fiz na rua batendo papo com catadores de papelão, com pessoas comuns, com motoboys, tentando humanizar as pessoas que vivem na capital paulista, eu vou deixar de fazer. Porque não dá mais.
Moré também refletiu sobre como vai lidar com a situação de o tempo inteiro saber que existe uma ameaça onde quer que ele esteja e onde quer que vá na metrópole.
– E você que mora num bairro bom ou num bairro considerado elitizado saiba que hoje o crime está pulverizado pela cidade inteira. E essas bolhas que, em tese, falsas bolhas que a gente vive, com uma falsa sensação de segurança, são só falsas mesmo. Porque não tem segurança. Pior, quando acontece algo do tipo, é a sensação de impotência, de fragilidade, é a insegurança que você passa a sentir depois que algo assim se repete. Então me questiono: será que a responsabilidade é minha? Eu estava caminhando, numa rua tranquila, num bairro bom, em São Paulo. Então não tenho responsabilidade.
E continuou:
– Eu pago os meus impostos, eu ando dentro da lei, eu faço tudo o que tem que ser feito. E o pior disso tudo é que noto que existe uma solução a médio e longo prazos. Investir em mais policiamento, em câmeras que garantam a segurança dos cidadãos é um dos passos. Mas o principal talvez seja o investimento em educação para que a gente gere oportunidade para quem faz esse tipo de coisa.
O jornalista finalizou adicionando:
– Não estou defendendo bandido, mas vivemos num país majoritariamente pobre – 80 por cento da população é pobre – e alguns infelizmente optam pelo caminho do crime. Fui vítima, em um ano e meio, pela terceira vez, com risco de perder a minha vida. Até quando temos que ter tolerância para aguentar esse tipo de situação no país em que vivemos? Até quando as pessoas que são responsáveis por tomarem atitudes de fato para uma transformação para um país um pouco mais justo, mais nobre, mais decente vão de fato tomar as providências? Sigo muito triste, questionando como vou passar agora a mudar o padrão de segurança na minha vida.