As Sereias da Vila entram em campo nesta quinta-feira (18) contra o São José, pela terceira rodada do Campeonato Paulista Feminino, e com um reforço importante entre as titulares: Reina Bonta. A jovem zagueira de 24 anos é uma das contratações recentes do Santos e impressiona não só pelas qualidades dentro das quatro lionhas. A jovem conta com um currículo admirável e um tanto curioso: estudou cinema em Yale — uma das principais universidades dos EUA —, sendo inclusive premiada como cineasta, é é camisa 10 na seleção das Filipinas, além de ser filha do Procurador-Geral da Califórnia.
Em entrevista exclusiva ao R7, a zagueira afirmou que defender o Santos é sinônimo de orgulho, já que a Vila Belmiro também foi a casa do Rei e da Rainha do Futebol: Pelé e Marta. Reina confessou que, mesmo tendo crescido na Califórnia, já tinha ouvido falar sobre o Alvinegro Praiano e que todos sabem da importância e do legado do clube.
“Quando eu cheguei aqui e pude experimentar ‘ao vivo’, foi surreal. Viver na vila, passar pela estátua do Pelé todos os dias, jogar com atletas que jogaram com a Marta por anos e ter a oportunidade de conhecer o Neymar ‘no portão de casa’ — tudo isso faz a experiência no Santos ser muito nobre e única”, disse a jogadora.
Anunciada em março deste ano, a defensora ainda está se adaptando à cultura brasileira. No entanto, ela já se declara apaixonada por feira de rua e feijoada. Antes de fazer a mudança para a cidada litorânea, a atleta estava receosa, mas explica que o amor que recebe dos torcedores, das companheiras de equipe e da comissão técnica tornam a transição tranquila.
“O Santos parece uma família e eu adoro passar o tempo com o time e os familiares, em churrascos, indo na feira de rua, na praia, assistindo ao time masculino e comendo feijoada. Existem muitos aspectos sobre viver em Santos que me fazem ser grata por estar aqui todos os dias e ainda tenho muito para experimentar também”, disse.
Nascida nos Estados Unidos, ela deixou a família para poder atuar no clube brasileiro. Antes disso, porém, a hoje defensora estudou Cinema em Yale, uma das mais famosas e tradicionais universidades do país norte-americano, e se formou como cineasta. A vida por trás das câmeras é de sucesso, assim como no futebol.
Diretora do curta-metragem semiautobiográfico nomeado “Lahi”, ela entrou em turnê nos festivais de cinema qualificados para o Oscar, garantiu o prêmio de público no Festival de Cinema Filipino de San Diego, além de ter conquistado a distribuição por streaming para lançamento em 2024.
O pai, Robert Andres Bonta, é procurador-geral da Califórnia, e a mãe, Mia Tania Bonta, é membro da Assembleia do Estado. Ele, que se tornou o primeiro filipino-americano no cargo em 2021, incentivou a ida da filha para o Peixe.
Na época da universidade, Robert também jogou futebol e, por estar sempre ligado ao esporte, inscreveu Reina, aos 2 anos de idade, em um time de futebol de campo. “Meu pai é meu melhor amigo e modelo de inspiração. Se existe alguém mais orgulhoso do que eu, por eu estar jogando no Santos, é ele. Ele é muito honesto, cuidadoso, altruísta e espero replicar os valores dele de justiça social e empatia por onde eu for”, comenta.
Apesar de ter raízes na América do Norte, a jogadora decidiu defender a seleção nacional das Filipinas. Entre os motivos da escolha, Bonta citou a influência familiar e os costumes cultivados dentro da própria casa.
“Ter a honra de representar nossa bandeira, jogando o esporte que eu amo é algo pelo qual eu sou grata todos os dias. Somos um país pequeno sem uma infraestrutura verdadeiramente estabelecida para o futebol feminino, mas as coisas que já conquistamos mostram que somos competitivas, duras e com habilidade e preparo para combater no âmbito mundial”, diz ao reforçar a importância de manter a cultura filipina.
Recentemente, Reina foi convocada para a seleção feminina das Filipinas e o compromisso era os Jogos do Sudeste Asiático, que é uma espécie de Olimpíada da região. No total, são 11 países e mais de 50 modalidades disputadas. A edição de 2023 aconteceu no Camboja.
Apesar do sonho de “trazer a medalha de ouro para casa”, a seleção da camisa 10 não conseguiu passar das fases de grupo e as Filipinas ficaram em 5º lugar na classificação geral do torneio.
O próximo destino da zagueira com a seleção nacional é nada menos do que a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que acontece entre os dias 20 de julho e 20 de agosto, na Nova Zelândia. E mais uma vez, a zagueira sonha alto.
“Sempre foi um sonho meu jogar a Copa do Mundo e a Olimpíada também. Porém, antes de tudo, quero deixar minha família orgulhosa”, analisou a jogadora.
Para alegria dos torcedores, pelo Santos a ambição é a mesma. “Seria um sonho ganhar um Brasileiro pelo Santos e um Paulista, também vencer a Libertadores e a Copa do Mundo. Essas são coisas que eu sei que o time é capaz de conquistas, o que me deixa motivada a trabalhar duro pela equipe e pelos fãs todos os dias”, disse a defensora do Alvinegro Praiano, que comemorou em português: “Para cima!”.
*Sob supervisão de Pietro Otsuka
Debinha se firma como sucessora de Marta e assume papel de líder na seleção feminina