Não é a primeira vez: sedes de Jogos Olímpicos costumam fazer ‘reformas’ para esconder pobreza – Esportes – Zonatti Apps

Não é a primeira vez: sedes de Jogos Olímpicos costumam fazer ‘reformas’ para esconder pobreza – Esportes


A mais de 500 dias para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, na última quinta-feira (25) o ministro da Habitação da França, Olivier Klein, revelou que o governo planeja retirar os moradores de rua da cidade-sede do evento. Os sem-teto, em sua maioria imigrantes, serão levados para cidades vizinhas da capital. A medida, no entanto, foi criticada por prefeitos das cidades e vilas que deverão abrigá-los.



Apesar da polêmica gerada pelo anúncio, a prática não é novidade em Olimpíadas. Outras cidades-sede, como Pequim (2008), Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016), também tomaram atitudes semelhantes em relação à população mais pobre do país.


Olimpíada de Pequim


A começar pela cidade chinesa, que sediou os Jogos em 2008, a estratégia para esconder a pobreza foi a construção de um muro. Levantado às pressas, o “paredão” disfarçava casas antigas minúsculas, além de lojas populares e centros comerciais desgastados.


Pequim passou por grande processo de paisagismo e revitalização das áreas mais frequentadas durante a Olimpíada, para que a cidade mostrasse apenas o que havia de mais belo e moderno aos turistas, atletas e comissões técnicas.


Jogos no Rio de Janeiro

undefined


Faltando menos de um mês para a abertura da Rio 2016, a cidade fluminense ainda não tinha terminado todos os preparativos para o evento esportivo. Porém o que chamou a atenção da imprensa nacional e internacional foi a adesivagem dos painéis da Linha Vermelha, a principal via de acesso ao aeroporto internacional.


Do outro lado do “muro” fica o Complexo de Favelas da Maré, uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro. De acordo com o secretário Antonio Pedro Figueira de Mello, na época, a única função dos adesivos, que faziam alusão aos Jogos, era embelezar a cidade, sem nenhuma intenção de esconder a favela dos olhos dos visitantes que chegavam ao Rio.


 Compartilhe esta notícia no WhatsAapp
 Compartilhe esta notícia no Telegram


“Assim que começamos esse trabalho, eu já esperava por essa história de esconder a favela. Só que não existe isso, até por ser impossível esconder algo tão grande, ainda mais no Rio, que tem tantas favelas. Tanto que em alguns pontos não há adesivos, e as favelas podem ser vistas”, argumentou Mello na época.


Tóquio 2020


Na última Olimpíada, houve denúncias de que a cidade estava expulsando moradores de rua e a população mais pobre de locais públicos, principalmente no entorno de estádios, estações de trem e parques da capital chinesa. 


Os Jogos aconteceram durante a pandemia de Covid-19, e as autoridades japonesas foram duramente criticadas pelo esforço em “varrer a pobreza para debaixo do tapete”.


Cidades que escolheram a revitalização

undefined


Nos Jogos de Barcelona (1992) e Londres (2012), a situação foi um pouco diferente. Tanto a capital catalã quanto a cidade do Reino Unido utilizaram a Olimpíada para trazer melhorias, justamente, para a população mais pobre.


Desde a escolha do local para a construção do Parque Olímpico até a expansão de metrôs, trens e ônibus, tudo foi pensado para atrair mais investimentos e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das regiões mais afastadas do centro.



Barcelona, especificamente, optou por uma reorganização da cidade e passou por um processo de urbanização das comunidades mais pobres. Londres investiu em infraestrutura nos bairros periféricos e principalmente em espaços que pudessem ser reutilizados após os Jogos.


Paris 2024


Para a Olimpíada na França, o projeto foi iniciado em março, quando o governo francês solicitou às autoridades que criassem “instalações regionais temporárias de acomodação” para comportar todo o fluxo dos moradores que serão expulsos da capital.


Os fiscais locais usam os hotéis de baixo custo como acomodação emergencial para os sem-teto. Mas, com a maior procura hoteleira por parte dos fãs de esportes e turistas, os donos das hospedagens querem alugar os quartos com preços de mercado.



Klein, no início de maio, afirmou ao Parlamento que a mudança era necessária para que fosse evitada uma crise de acomodação, que é esperada a partir de setembro deste ano.


A Cidade Luz receberá dois eventos esportivos em um período menor do que um ano. Em setembro de 2023, acontecerá a Copa do Mundo de Rúgbi, e, de julho a agosto de 2024, haverá os Jogos Olímpicos de Verão.


Ao todo, o governo da França estima que a capacidade despencará de 3.000 a 4.000 lugares por causa dos eventos. Para o ministro, a queda prevista “obriga-nos a nos questionar e a nos preparar para a situação. Trata-se de abrir espaços de alojamento nas zonas provinciais para pessoas que necessitem de alojamento de emergência”.


Quem são os atletas do Time Brasil classificados para os Jogos Olímpicos de Paris 2024?


Deixe um comentário