É falso o artigo compartilhado pelo virologista Paolo Zanotto, no X (ex-Twitter), afirmando que 99% das mortes por Covid-19 foram falsificadas pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos. A publicação distorce dados do painel do Covid Data Tracker que registra o número de óbitos decorrentes do vírus, por semana, no país.
A peça de desinformação, verificada pelo Projeto Comprova, usa como base uma afirmação incorreta publicada pelo Daily Mail em 28 de agosto, mas que foi corrigida no dia seguinte. O jornal britânico havia publicado, a partir de uma interpretação errada dos dados do CDC da semana que se encerrou em 19 de agosto de 2023, que “99% das mortes de Covid na semana passada não foram causadas principalmente pelo vírus”.
A matéria foi alterada e o veículo exibe, desde então, uma nota informando a correção do conteúdo anteriormente publicado e que o comparativo percentual toma como base as mortes por todas as causas. O texto foi editado para afirmar que apenas 1% das mortes por todas as causas nos Estados Unidos na semana encerrada em 19 de agosto de 2023 teve como causa a Covid-19, justamente como mostra o painel disponibilizado pela agência.
O jornal explica que há, na parte inferior do rastreador de dados da Covid do CDC, uma nota de rodapé que diz que a porcentagem de todas as mortes relatadas atribuídas como Covid-19 é calculada “com base no número de mortes por todas as causas”. “Alteramos o artigo para refletir isso”, afirma o Daily Mail.
O painel do CDC que reúne informações relacionadas à Covid-19 nos Estados Unidos tem um gráfico que registra semanalmente as mortes decorrentes da doença relatadas à agência de saúde. Na semana do dia 13 a 19 de agosto deste ano, a tabela mostra que ocorreram 881 mortes pelo vírus, o que representou 1,6% de todos os óbitos notificados nesse intervalo de tempo, por todas as causas, no país.
Em resposta a Zanotto, um usuário do X compartilhou o link para a checagem feita pelo USA Today sobre o mesmo assunto e questionando o exagero das afirmações. O autor do post verificado, no entanto, manteve o posicionamento de que os dados sobre mortes na pandemia são deturpados.
A reportagem tentou contatar Zanotto por meio de seu email institucional da USP —ele é professor do Instituto de Ciências Biomédicas da universidade—, mas, até o fechamento desta checagem, não houve retorno.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Por que investigamos
O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.
Leia a verificação completa no site do Comprova.
A investigação desse conteúdo foi feita por O Povo e Estadão e publicada em 3 de outubro pelo Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, NSC, Correio do Estado, Nexo, CBN, A Gazeta, SBT e SBT News.