Mas sim de quão verdadeiros podemos ser e ainda assim ter autenticidade e respeito, dignidade e lidar com a verdade, honestamente, da melhor maneira que pudermos. Dito isto, a história, quando a li, me indicou que esta forma seria a que poderíamos lidar. E principalmente nos envolvendo com a cultura do Osage. E realmente colocar em pauta e no filme os elementos culturais, rituais, momentos espirituais.
Sobre conhecer a cultura Osage e trazer elementos contemporâneos para “Assassinos da Lua das Flores”
Quando fui conhecer os Osage e me encontrar com o Chief Standing Bear e seu grupo (Julie, Addie Roanhorse e Chad Renfro) foi muito diferente do que eu esperava. Eles eram naturalmente cautelosos. Tive que explicar que ia tentar lidar com eles da maneira mais honesta e com a maior sinceridade possível. Nós não iríamos cair na armadilha de trazer o clichê das vítimas, ou do indígena bêbado, ou todo esse tipo de coisa, mas ainda assim iríamos contar a história o mais direta possível. O que eu realmente não havia entendido nas primeiras reuniões é que esta é uma situação que não terminou, uma história que ainda continua em Oklahoma.
Trauma e traições que atravessa gerações
Em outras palavras, essas são coisas que realmente não foram comentadas na geração com quem eu estava conversando. Na geração anterior à deles, antes deles, foi nesta geração anterior que tudo aconteceu. Então, eles não conversaram muito sobre isso. E as pessoas envolvidos continuam vivas. Isso significa que as famílias continuam lá, seus descendentes ainda estão lá. E então, o que aprendi a conhecê-los, a encontrá-los, a jantar com eles. Margie Burkhart, que era parente de Ernest Burkhart.
Traição e amor
Margie também falou do fato de que é preciso lembrar que Ernest, seu ancestral, adorava Mollie, e Mollie amava Ernest. É uma história de amor. E então, em última análise, o que aconteceu, é que o roteiro mudou e este ponto entrou na história. E foi aí que Leo decidiu, em vez de interpretar Tom White (policial que investiga e desvenda todo o esquema de crimes, vivido por Jesse Plemons), viver Ernest. E nesse ponto, começamos a retrabalhar o roteiro, que ficou mais corajoso. Em vez de fora para dentro, entrando no universo e descobrindo quem fez isso, a real questão crucial é sobre quem não fez. É uma história de cumplicidade, do pecado da omissão, sabe? Cumplicidade silenciosa em alguns casos. Isso nos deu a oportunidade de ampliar o olhar e contar a história de dentro para fora.