Dirigido por Robert Rodriguez (“Planeta Terror”), filme é estrelado por Ben Affleck (Garota Exemplar) e Alice Braga (O Esquadrão Suicida)
É sempre interessante assistir a filmes que mexem com a nossa realidade. Uma referência no cinema é Christopher Nolan, que já mexeu com a nossa percepção em, ao menos, duas ocasiões: Amnésia, lançado em 2000, e A Origem, que chegou aos cinemas dez anos depois e é, até hoje, um dos filmes mais populares do cineasta.
É na esteira de produções do tipo que Hypnotic: Ameaça Invisível, novo longa de Robert Rodriguez – um dos cineastas mais versáteis da indústria, responsável por produções como Um Drink no Inferno (1996), Pequenos Espiões (2001), Sin City – A Cidade do Pecado (2005) e Machete (2010) -, chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira, dia 26 de outubro.
Na nova empreitada, Rodriguez coloca Ben Affleck (Garota Exemplar) como um detetive perturbardo pelo desaparecimento de sua filha. Durante uma missão para impedir um assalto a um banco, o personagem de Affleck, Daniel Rourke, descobre uma pista sobre o paradeiro da criança, o que o leva em uma nova busca por ela.
Logo, ele se vê envolvido em uma conspiração criminosa, que brinca com a sua realidade, e conta com a ajuda da misteriosa Diana Cruz (Alice Braga, O Esquadrão Suicida), uma mulher dotada de poderes psiquícos, para seguir os rastros de um homem, que Rourke acredita ser o responsável pelo desaparecimento da menina.
Comecei este texto dizendo que é sempre interessante assistir a filmes que mexem com a nossa realidade, e é mesmo. Quer eles sejam acompanhados de boas histórias ou não, ainda considero divertida a experiência de passear pelas pistas e tentar juntar as peças do quebra-cabeça para, finalmente, entender tudo o que está acontecendo.
É o caso de Hypnotic. Não há nada de genial na novidade e, inclusive, ela apresenta alguns pontos desgastantes, como a necessidade de ser sempre surpreendente para o público, com pequenas revelações que, ao decorrer da história, acabam perdendo a sua força, porque o público deixa de acreditar que qualquer acontecimento seja verdadeiro e, portanto, não há mais surpresas.
O roteiro do longa, escrito pelo próprio Rodriguez em parceria com Max Borenstein (Lakers: Hora de Vencer), ainda traz o problema de mastigar a história antes de entregá-la, sem dar a menor chance para o espectador caminhar com as próprias pernas – e o pior de tudo é que não havia necessidade disso, porque o filme já faz isso, precisando apenas de uma ou outra explicação para contextualizar a trama.
Hypnotic não se deixa valer da força da própria narrativa, talvez por medo de se tornar grande demais para o público. É algo ruim, porque sacrifica a própria história no processo, apesar de a deixar mais acessível a qualquer tipo de público, o que ótimo. No fim das contas, a novidade é suficientemente divertida para que você esqueça os seus pontos fracos, aproveite-se do ditadismo e apenas curta a uma hora e meia do thriller policial.
É um filme feito para a Temperatura Máxima, faixa de filmes de ação na Globo, que não exige muito do espectador e você pode assistir sem pensar muito, enquanto digere o almoço de domingo. Talvez você não se lembre dele no dia seguinte e nem sinta a necessidade de citá-lo em uma roda de conversas, mas a experiência de assistir a Hypnotic terá sido, no mínimo, satisfatória.