O Prêmio Jabuti, renomado no cenário literário brasileiro, revelou os semifinalistas para a edição de 2023 e uma indicação em particular chamou a atenção: o livro “Frankenstein”, ilustrado integralmente por inteligência artificial (IA).
Publicada pelo Clube de Literatura Clássica no ano passado, a obra se destaca na categoria de Melhor Ilustração, surpreendendo pela abordagem inovadora e tecnológica.
O designer Vicente Pessôa é o responsável pela criação das imagens, utilizando um programa de IA para dar vida visual à clássica obra de Mary Shelley, originalmente escrita em 1818 e agora em domínio público.
Em outubro de 2022, Pessôa compartilhou detalhes do processo em uma transmissão ao vivo no Instagram da editora, demonstrando cerca de 50 ilustrações geradas pela IA.
Imagem: Editora Clube de Literatura Clássica/Reprodução
A Câmara Brasileira do Livro (CBL), responsável pela organização do Prêmio Jabuti, ainda não emitiu um pronunciamento sobre essa inovação nas categorias do prêmio.
Prêmio Jabuti tem histórico tradicional
O Prêmio Jabuti, em sua 65ª edição, é considerado o mais tradicional reconhecimento literário no Brasil. Desde 1958, a premiação celebra os destaques da literatura nacional, com vencedores escolhidos por uma equipe de três jurados por categoria.
Os premiados em cada categoria recebem R$ 5 mil, enquanto o autor do livro do ano é agraciado com R$ 70 mil e uma viagem à Feira de Frankfurt.
O cronograma do Jabuti inclui a divulgação dos semifinalistas, seguida pela revelação dos cinco finalistas por categoria em 21 de novembro.
A premiação oficial acontecerá na noite de 5 de dezembro, no Theatro Municipal de São Paulo. Além de “Frankenstein”, a categoria IA na Arte também será destacada.
A incursão da inteligência artificial na criação artística não é um fenômeno isolado. Em setembro de 2022, um desenho gerado por uma IA conquistou o primeiro lugar em um concurso de artes na Feira Estadual do Colorado, gerando debates sobre os limites da tecnologia e o papel do artista.
Utilizando um programa online chamado Midjourney, o desenho foi criado com base apenas em um texto descritivo.
Esse episódio levantou questionamentos sobre a autenticidade artística quando se utiliza a IA na produção cultural. O debate sobre os limites e o papel do artista na era da inteligência artificial tornou-se um tema relevante e controverso.