Nas vésperas da 28ª Cúpula do Clima, COP28, a Organização Mundial da Saúde, OMS, pede que o impacto das alterações climáticas no setor esteja no centro das negociações.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que “priorizar a saúde não é apenas uma escolha, é a base de sociedades resilientes”.
Os mais vulneráveis
Segundo ele, é preciso mudar a conversa e demonstrar “os enormes benefícios de uma ação climática mais ousada para a saúde e bem-estar.”
Em entrevista para a ONU News, a diretora do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Maria Neira, disse que “todo mundo, em todos os lugares, é afetado pelas mudanças climáticas”.
No entanto, Maria Neira ressaltou que os mais vulneráveis são aqueles que vivem “nos países subsaarianos, no sudeste asiático e nos pequenos Estados insulares”.
Nexo entre clima e saúde
A especialista disse que na COP 28, os negociadores precisam perceber que o que está em jogo não é apenas a redução de emissões de gases. Ela apontou também a quantidade de casos de asma, câncer de pulmão e outras doenças respiratórias associadas à exposição à poluição ou às consequências das alterações climáticas.
Maria Neira afirmou que maior acesso a fontes limpas de energia pode impedir 5 milhões de mortes todos os anos.
Nesse sentido, a especialista defendeu estratégias para transferência de novas tecnologias verdes para os países com o objetivo de reduzir as emissões, acelerando a transição para fontes de energia limpas e garantindo a harmonização dos dispositivos médicos necessários para os novos desafios de saúde pública.
A agência defende que os acontecimentos climáticos extremos em todo o mundo nos últimos meses oferecem uma visão aterradora do que está por vir num mundo em rápido aquecimento.
3,5 bilhões de pessoas em alto risco
O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, IPCC, afirma que cerca de 3,5 bilhões de pessoas, quase metade da humanidade, vivem em áreas altamente vulneráveis às alterações climáticas.
As mortes relacionadas com o calor entre pessoas com mais de 65 anos aumentaram 70% em todo o mundo em duas décadas, de acordo com dados da OMS.
Desastres cada vez mais frequentes e graves, como secas, inundações e ondas de calor, também irão sobrecarregar as infraestruturas de saúde.
As inundações do ano passado no Paquistão deslocaram 8 milhões de pessoas e afetaram 33 milhões no total.
Primeiro Dia da Saúde durante a COP
As previsões do Banco Mundial indicam que, sem uma ação ousada e imediata, as alterações climáticas poderão deslocar aproximadamente 216 milhões de pessoas até 2050.
Paralelamente, as alterações climáticas estão catalisando um aumento de doenças infecciosas como a dengue e a cólera, colocando milhões de pessoas em perigo.
A OMS espera que os líderes mundiais reunidos na COP28 compreendam que as mudanças climáticas são uma ameaça direta à saúde global, que já não pode ser ignorada ou subestimada.
O primeiro Dia da Saúde durante o evento pretende destacar o nexo entre clima e saúde na agenda das alterações climáticas. Espera-se que um número recorde de ministros da saúde participe na COP28.