O fenômeno da supercondutividade foi descoberta há mais de um século, contudo, até hoje os cientistas não encontraram formatos viáveis para aplicar à ciência dos supercondutores. Em um novo artigo publicado na revista científica Matter, um grupo de pesquisadores analisou a veracidade do supercondutor LK-99, que chegou a fazer sucesso na internet e foi ‘desmascarado’ pouco tempo depois.
Há alguns meses, um grupo de cientistas da Coreia do Sul afirmou sobre a supercondutividade do LK-99 em temperatura ambiente; assim, o assuntou viralizou do dia para a noite. Seu possível impacto na vida de pesquisadores e de pessoas cotidianas entusiasmou todos que leram sobre a possibilidade, mas a realidade sobre o material começou a ser desmentida pouco a pouco.
Após um estudo revisado por pares, foi concluído que o LK-99 em si não é um material supercondutor.Fonte: Getty Images
De acordo com um novo estudo realizado por cientistas da Academia Chinesa de Ciências (CAS), novas evidências sólidas apontam que o LK-99 não é nenhum tipo de supercondutor, então, o material não poderia reagir com supercondutividade à pressão ambiente. Conforme explica o líder do estudo e professor do Instituto de Física da CAS, Luo Jianlin, o suposto supercondutor foi construído com impurezas que forneciam características de supercondutividade.
“Uma onda de informações enganosas sobre o LK-99 exigiu esclarecimentos urgentes sobre sua supercondutividade. [Isto] sugere fortemente que o comportamento semelhante ao da supercondutividade no LK-99 relatado por Lee é causado pela transição de fase estrutural da impureza Cu2S”, os pesquisadores descrevem no estudo.
Supercondutor LK-99 ‘desmascarado’
Após uma revisão por pares, os cientistas chineses conseguiram provar que o LK-99 não é capaz de ser um supercondutor à temperatura ambiente — os sul-coreanos haviam publicado dois artigos não revisados por pares sugerindo a eficiência de supercondutividade. O material composto por cobre, chumbo, fósforo e oxigênio é, na realidade, inviável; parte das suas propriedades de supercondutividade aconteciam por conta de impurezas.
Diferentemente de um supercondutor, as amostras não mostram resistividade zero.Fonte: Reprodução / Matter / CAS
A equipe da CAS já havia realizado três artigos comentando sobre a ineficiência do supercondutor; no novo estudo revisado por pares, eles afirmam que a supercondutividade pode ser atribuída às duas impurezas de sulfeto de cobre (I e Cu2S) e não ao material em si. Ou seja, a única supercondutividade é possível por conta da transição estrutural do sulfeto de cobre, não pelos outros elementos do LK-99.
“Argumentamos que o chamado comportamento supercondutor no LK-99 é muito provavelmente devido a uma redução na resistividade causada pela transição de fase estrutural de primeira ordem do Cu2S em torno de 112 °C, passando da fase de estrutura hexagonal em alta temperatura para a fase de estrutura monoclínica em baixa temperatura”, os cientistas concluíram no estudo.
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