Uma história que começa mal contada dificilmente consegue consertar o enredo durante seu desenvolvimento. Wayne Rooney foi contratado pelo Birmingham, que vinha em boa campanha na segunda divisão da Inglaterra, em outubro para substituir o promissor John Eustace. A mudança de rumo estranha, que envolvia mais o apelo midiático que o futebolístico, de fato levou o clube inglês às manchetes, mas para escancarar uma das piores decisões já tomadas.
Com Eustace, o Birmingham escapou do rebaixamento na temporada 2022/23, quando era reconhecidamente um dos fortes candidatos à descida de divisão. Nesta temporada, o jovem técnico, de 44 anos, deixou o clube na 6ª posição para seu sucessor, dentro do G-6 que vai aos playoffs para a Premier League.
A campanha com Eustace era de cinco vitórias, três empates e três derrotas em 11 jogos, com um saldo positivo de quatro gols. A saída do treinador aconteceu após uma vitória por 3 a 1, mas já era prevista e apenas questão de tempo, porque a chegada de Rooney era certa, apenas esperava o fim da temporada da Major League Soccer. O movimento de mercado tem a ver com o investimento de Tom Brady, estrela do futebol americano, no clube.
A chegada de Rooney no Birmingham foi antecipada justamente pelo trabalho ruim do técnico na MLS. O DC United, então comandado pelo ex-atacante do Manchester United, foi eliminado na primeira fase da MLS e Rooney, que já não tinha mais jogos pela frente, teve o retorno para a Inglaterra antecipado. O resultado, desde então, foram 15 jogos disputados, com duas vitórias, quatro empates e nove derrotas.
A demissão, anunciada nesta terça-feira, um dia depois de tomar de 3 a 0 para o Leeds United, escancara a diferença no aproveitamento de Eustace e Rooney. Com Eustace, o Birmingham conquistou 55% dos pontos disputados, enquanto com Rooney foram 22%. Apesar de já possuir mais jogos com Rooney (15) do que com Eustace (11) a maior parte dos pontos foram conquistadas com o técnico demitido em outubro – 18 dos 28 atuais.
“Futebol é um negócio de resultados – e eu reconheço que eles não estiveram à altura do que eu gostaria. No entanto, o tempo é a commodity mais preciosa para um treinador e eu não acredito que 13 semanas sejam suficientes para implementar as mudanças que eram necessárias”, declarou Rooney em um comunicado após sua demissão.
A mudança pretendida por Rooney pode não ter chegado, mas é inegável que alguma mudança aconteceu. Sob o comando do treinador, o Birmingham caiu da 6ª posição, a dois pontos do terceiro lugar, para 20º, a seis pontos de entrar na zona de rebaixamento. Pelo menos, Tom Brady estava certo: dificilmente estaríamos falando do Birmingham se não fosse pela decisão dele, do renome de Rooney e da burrada do ano na Championship.