Esse respiro fora da própria caixa é exatamente o que a Marvel precisa. Não que o estúdio esteja em apuros — que o digam os US$ 850 milhões levantados por “Guardiões da Galáxia Vol. 3” ano passado. Mas é certo que, depois de “Vingadores: Ultimato”, o universo compartilhado perdeu sua âncora emocional, um equilíbrio narrativo que, por mais de uma década, foi representado por Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Steve Rogers (Chris Evans).
Mudar o cenário talvez ajude a reacender essa conexão, obtendo assim um novo ponto de partida para este universo — a nova fase, “Saga do Multiverso”, ainda não mostrou a que veio. Uma atualização posterior e contemporânea do status quo do Quarteto, vamos combinar, seria moleza. Basta bolar uma roteirice envolvendo exploração do multiverso, viagem no tempo e um retorno providencial antes das “Guerras Secretas” e voilá: o Quarteto volta a seu lugar de direito.
Criar uma aventura do “Quarteto Fantástico” nos anos 1960 nem sequer é uma ideia nova. No começo do século, quando a Fox começou a série dos “X-Men”, o produtor Ralph Winter trabalhou no desenvolvimento de uma aventura com os quatro heróis para o mesmo estúdio. A direção seria de Peyton Reed, que planejava uma estética similar à sua comédia romântica “Abaixo o Amor”.
Eu visitei o escritório da produção na época, que trazia nas paredes estudos para figurino e amostras de arte conceitual, detalhando os laboratórios do Edifício Baxter e o castelo de Victor Von Doom, o Doutor Destino. O papel do Senhor Fantástico estava reservado para Cambell Scott, e Bobby Cannavale seria o Coisa. Esse projeto, claro, não saiu do papel, e Reed terminou, anos depois, dirigindo os três “Homem-Formiga”.
Criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1961, o Quarteto Fantástico iniciou a Era Marvel nos quadrinhos. Ao contrário dos super-heróis da concorrência, liderada por Superman e Batman, a criação de Lee/Kirby usou conceitos de ficção científica e fantasia para trazer realismo às histórias. Haviam superpoderes e criaturas sobre-humanas, mas o centro emocional sempre esteve com os personagens.