O personagem 1 usa os aparelhos na academia de forma errada. O personagem 2 olha com cara de desprezo, e então ensina os movimentos corretos. 1 observa, aprende e executa corretamente, agora com olhar de aprovação de 2. Tudo isso sem falas, apenas gestos. É essa a fórmula que levou o personal trainer Kennedy de Sousa, 29, de Angola, a viralizar nas redes sociais.
A motivação surgiu por algo recorrente nas academias: o erro, que prejudica o trabalho dos músculos e pode levar à lesão.
“Em nenhum momento as pessoas são ensinadas sobre assuntos relacionados à academia e, quando são, muitas acabam por ficar confusas porque não existe um consenso entre os profissionais na área. Alguns dizem para fazer uma coisa, outros dizem para fazer outra, o que gera muitas dúvidas sobre o que é certo fazer”, diz Kennedy em entrevista ao blog #Hashtag.
Ele afirma se interessar pelo lado científico da musculação há mais de dez anos e tirou a certificação de personal trainer em 2021. Ele faz todo o processo de criação de conteúdo sozinho: ideia, pesquisa, roteiro, filmagem e edição. Antes de publicar, pede opinião à esposa ou à irmã, para certificar-se de que a mensagem está didática.
Kennedy começou a publicar vídeos no Instagram em novembro de 2018, primeiro em língua inglesa, pois tinha acabado de retornar da Inglaterra, onde estudou economia e finanças —é nessa área, inclusive, que trabalha atualmente, sendo a academia e os vídeos uma fonte alternativa de renda.
No início de 2022, focou no público de língua portuguesa, criou um perfil no TikTok e passou a publicar vídeos todos os domingos. Chegou à atual fórmula de sucesso em novembro de 2023, após se inspirar no tiktoker Tyler Path. “Eu percebi, pelos comentários, que os vídeos dele nem sempre são claros. Eu já tinha experiência nesse formato de dois personagens, e passei a mostrar os ajustes que a pessoa deve fazer na execução do exercício”, conta.
Seu carro-chefe é o Instagram, onde tem 756 mil seguidores. No TikTok, possui 267 mil seguidores, mas o algoritmo é mais instável. O angolano aproveita o sucesso dos vídeos para vender consultorias online, já que não consegue monetizar os vídeos em Angola (o “creator fund”, programa de remuneração do TikTok, não abrange o país) e busca atrair marcas para parcerias.
O público inicialmente era apenas de Angola, mas se expandiu para outros países lusófonos (os brasileiros correspondem à metade de seguidores nas duas redes), e até falantes de espanhol, italiano e inglês consomem o conteúdo.
Quando notou, os vídeos já estavam virais. Passou a ser abordado na rua, inclusive para tirar fotos, e começou a ver pessoas fazendo vídeos como os dele, até mesmo com as expressões faciais de seus personagens.
“Eu acredito que o sucesso tem a ver com o humor nos vídeos. Ou seja, para além da pessoa aprender como melhorar a sua execução, ela também fica entretida com a interação das personagens no vídeo. É engraçado porque eu represento as duas pessoas, mas elas agem de forma diferente. E é tudo natural, nada exagerado, é mais ou menos a forma como os personal trainers realmente agem quando se deparam com o seu aluno a executar mal um exercício”, afirma.
Assista a outros vídeos de Kennedy:
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