Filmado no Brasil, estrelado por artistas brasileiros e falado em português, Orfeu Negro venceu a maior premiação do cinema em 1960
Em quase 100 anos de existência do Oscar, considerada a premiação de maior prestígio do cinema, o Brasil nunca trouxe uma estatueta para casa. Em 1960, nós chegamos bem perto com Orfeu Negro(1959), gravado no Brasil, em meio ao Carnaval do Rio de Janeiro, e estrelado por Breno Mello (1931-2008), ator e jogador de futebol brasileiro, e Léa Garcia (1933-2023), que conquistou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, mas o “careca de ouro” acabou indo parar bem longe daqui.
Adaptado da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, e coproduzido entre Brasil, França e Itália, Orfeu Negro conta a história de Orfeu (Breno Mello), um condutor de bonde e sambista do morro, se apaixona por Eurídice (Marpessa Dawn), uma jovem do interior, que vai para o Rio de Janeiro fugindo da morte (Adhemar Ferreira da Silva), representada por um homem fantasiado que a persegue. O amor de Orfeu por Eurídice, entretanto, desperta a ira da ex-noiva de Orfeu, Mira (Lourdes de Oliveira), enquanto a morte acompanha tudo de perto.
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Apesar das polêmicas sobre a forma exótica com que o longa retratou o Rio de Janeiro no longa, Orfeu Negro trata de temas relacionados ao Brasil, foi filmado em solo brasileiro e ainda foi estrelado por artistas brasileiros. O filme venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1959, e o sucesso mundial rendeu uma indicação ao Oscar do ano seguinte, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Entretanto, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas classificou o filme como apenas francês, devido à nacionalidade de seu diretor, Marcel Camus. Com a vitória, Orfeu Negro se tornou o primeiro filme em língua portuguesa a vencer o Oscar e, até hoje, o único na categoria de Estrangeiro/Internacional, mas a estatueta acabou ficando com a França.
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Atualmente, as regras da Academia são diferentes e, para que um filme represente o seu país de origem, é necessário que boa parte da obra seja falada em sua língua nativa, o que consagraria Orfeu Negro como um filme brasileiro.
Apesar de o Brasil não ter sido considerado vitorioso, Orfeu Negro teve um importante impacto cultural, servindo como produto de disseminação da cultura brasileira no mundo. O artista americano Jean-Michel Basquiat já citou o longa como uma de suas primeiras inspirações e o ex-presidente americano Barack Obama afirmou que o filme era o preferido de sua mãe.
Em 1962, o Brasil pôde comemorar uma vitória genuinamente sua: O Pagador de Promessas (1962) venceu a Palma de Ouro em Cannes. E, no ano seguinte, o longa se tornou o primeiro da América do Sul a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas o vencedor foi Sempre aos Domingos (1962), concorrente da… França.
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