O filme dirigido por Christopher Nolan e estrelado por Cillian Murphy estreou há mais de oito meses no Brasil e nos Estados Unidos
Oito meses após a estreia no Brasil e nos Estados Unidos, Oppenheimer foi lançado no Japão. O filme dirigido por Christopher Nolan chegou às salas de cinema do país na última sexta-feira, 29, e dividiu opiniões.
Cillian Murphy assumiu o papel de Julius Robert Oppenheimer, físico que foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da bomba atômica. Pouco antes da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, duas delas foram jogadas em Hiroshima e Nagasaki, tirando a vida de mais de 200 mil pessoas.
O ex-prefeito de Hiroshima Takashi Hiraoka considerou o longa-metragem de Nolan enviesado: “Do ponto de vista de Hiroshima, o horror das armas nucleares não foi suficientemente retratado. O filme foi feito de uma forma para validar a conclusão de que a bomba atômica foi usada para salvar a vida dos americanos” (via Associated Press).
Toshiyuki Mimaki, que sobreviveu ao bombardeio quando tinha apenas 3 anos, afirmou que ficou fascinado com a história de Oppenheimer. “O que os japoneses estavam pensando, atacando Pearl Harbor, iniciando uma guerra que nunca poderiam esperar vencer?”, disse. “Durante todo o filme, eu estava esperando e esperando pela cena do bombardeio de Hiroshima, mas nunca aconteceu.”
Kazuhiro Maeshima, professor na Sophia University especializado na política dos Estados Unidos, chamou o filme de “uma consciência americana”. Para ele, quem esperava por um filme anti-guerra pode ter deixado a sessão desapontado, mas contar a história de Oppenheimer nos cinemas era algo inimaginável há algumas décadas, quando a justificativa das armas nucleares dominava os sentimentos dos Estados Unidos: “O trabalho mostra uma América que mudou dramaticamente”.
Hiroyuki Shinju, um advogado, argumentou que o Japão e a Alemanha têm sua parcela de culpa na guerra. Historiadores apontam que o Japão também estava trabalhando em armas nucleares durante o período e quase as usaram contra outros países. “Esse filme pode servir como ponto de partida para abordar a legitimidade do uso de armas nucleares em Hiroshima e Nagasaki, assim como as reflexões da humanidade e do Japão sobre armas nucleares e guerra”, escreveu em comentário publicado na Tokyo Bar Association.