Esta é a edição da newsletter Cuide-se desta terça-feira (16). Quer recebê-la no seu email? Inscreva-se abaixo:
Aliado ao desejo de empurrar a maternidade, o congelamento de óvulos é procurado cada vez mais por mulheres jovens. Mas quando o processo é indicado e quem deve fazê-lo? Na edição de hoje, falo sobre a decisão de retirar óvulos para congelamento.
Devo congelar os meus óvulos?
Seja por um desejo de se tornar mãe mais tarde ou por razões de saúde, como tratamento contra câncer, cresce no mundo a procura por procedimentos como congelamento de óvulos e fertilização in vitro.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1 em 6 pessoas (17,5%) pode ser afetada pela infertilidade no mundo. Fatores como tabagismo, sedentarismo, consumo abusivo de álcool e alimentos ultraprocessados têm relação com o problema.
Custos: procedimentos para fertilização são muito caros. Para se ter uma ideia, uma fertilização in vitro em clínicas particulares no Brasil pode custar de R$ 25 a R$ 50 mil.
Já o congelamento, processo que inclui medicações necessárias para estimular a ovulação e o primeiro ano de aluguel do “freezer”, custa, em média, R$ 24 mil, segundo pesquisa da IVF Brazil, empresa especializada em consultoria para reprodução humana.
Assim, uma família que deseja pensar no planejamento familiar tardio deve desembolsar, no mínimo, R$ 49 mil para o procedimento total —isso sem ter a garantia de sucesso.
O tratamento pode ser feito no SUS (Sistema Único de Saúde), mas apenas em condições especiais, como doença ou em pacientes com condição que afeta a reserva ovariana. Poucas pessoas têm conhecimento e procuram o congelamento.
Como congelar?
O primeiro passo para o congelamento é passar por uma consulta médica para avaliar a real necessidade.
Após a avaliação, as mulheres passam a receber medicações que vão estimular o crescimento dos folículos ovarianos, onde ficam os óvulos. Os médicos estimam entre dez a 20 óvulos retirados por uma mulher com menos de 35 anos saudável. Quanto mais óvulos coletados, maiores as chances de uma gestação futura dar certo.
A medicação é feita pela própria paciente, com uma injeção subcutânea na região abdominal. A coleta dos óvulos deve ser feita em uma clínica especializada com a aplicação de anestesia geral.
Quando congelar?
É a questão que divide especialistas. Há os que que veem a “linha mágica” dos 35 anos como o limite para a fertilidade feminina como questionável. Essa ideia, difundida por anos como um “sinal de alerta” para o relógio biológico feminino, vem sendo colocada em xeque.
Fatores como alimentação, hábitos de vida e genética podem influenciar a fertilidade e a quantidade de óvulos que uma mulher tem ao longo da vida.
O que eles concordam é que a partir dos 35 anos há uma aceleração do declínio de óvulos.
Mulheres próximas dos 40 anos têm mais dificuldades para conceber e podem, inclusive, ter gestações de mais alto risco comparadas a mulheres mais jovens. A queda na fertilidade, porém, não é linear, e varia de uma mulher para outra.
Onde congelar
No Brasil, clínicas particulares são responsáveis pela maioria dos casos de congelamento de óvulos. O acesso aos processos no serviço público é moroso e dificultado. No estado de São Paulo, o Hospital da Mulher, antigo Hospital Pérola Byington, é referência no congelamento de óvulos para mulheres que farão tratamento para câncer ou têm alguma condição específica que afeta a fertilidade.
Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital grátis
CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR
Novidades e estudos sobre saúde e ciência
-
Risco de infecção por bactérias multirresistentes é maior nas pias hospitalares. Um estudo conduzido na ala pediátrica do Centro Médico Omori da Universidade de Toho, em Tóquio (Japão) identificou que as pias dos consultórios médicos e outras fontes de água apresentam alto potencial para a disseminação de bactérias multirresistentes a antibióticos, como as bactérias carbapenêmicas do gênero Enterobacter. O artigo detectou ainda a ocorrência de surtos relacionados ao patógeno em 2016 e 2017 em 19 pacientes após o contato com profissionais do hospital em áreas como a máquina de gelo, a lavanderia e o centro de enfermagem. O artigo foi publicado na revista American Journal of Infection Control.
-
Atividade física reduz o estresse em neurônios e diminui o risco cardíaco. Uma pesquisa de especialistas do Hospital Geral de Massachusetts verificou que a prática de atividade física, responsável por trazer benefícios para a saúde mental e física, é capaz de reduzir o risco cardiovascular por diminuir atividades nas células cerebrais associadas ao estresse. Os pesquisadores analisaram o perfil físico, a prática de atividade física e imagens cerebrais de 774 pacientes tratados no centro –destes, 12,9% tiveram um acompanhamento de 10 anos, onde foi verificada uma diminuição de 23% do risco de doença cardiovascular.