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Dos cremes e procedimentos estéticos para evitar (ou camuflar) as temidas linhas de expressão às tinturas capilares que escondem os fios grisalhos, tudo é pensado para a mulher disfarçar, ao máximo, a idade. Como se, ao chegarmos a determinado ponto, fossemos invisíveis para tudo.
Aos 20, ainda carregamos o semblante mais jovial e enfrentamos situações como sermos questionadas se somos maiores de idade para entrar na balada no fim de semana ou se já podemos comprar bebida alcoólica.
Mas depois dos 25, ouvir que parecemos ser mais nova do que realmente somos começa a soar quase como um elogio. Aos 30, as cobranças começam a aumentar e torna-se quase inviável imaginar uma vida bem-sucedida sem uma carreira ou uma família já encaminhadas.
Enquanto isso, aos 40, algumas mulheres já decidem se dedicar, exclusivamente, a trabalho ou relações afetivas e familiares, como é o caso de Raphaella Avena, que após decidir não namorar mais, se sentiu mais ativa no mercado de trabalho.
E pensar na década seguinte pode assustar. É o que Mirian Goldenberg, antropóloga e colunista da Folha, classifica como início da crise de invisibilidade dessa mulher. “É quando elas estão entrando naquele período que a gente chama de nem-nem, nem jovem, nem velha. Que começa a ter mais dificuldades, não só para casar, mas para ter filhos”, diz.
Aos 50, esse medo é concretizado quando mulheres tendem a enfrentar mais julgamentos por terminarem um casamento, decidirem a voltar estudar ou até mesmo tentarem uma reinserção no mercado de trabalho.
“Essa coisa de dizer que parece que chegamos ao prazo de validade com 50 anos deve ser também porque, de certa forma, chegamos ao nosso prazo de, inclusive, ser mães”, diz Claudia Vendramini, de 54 anos. Professora, ela enfrentou julgamentos por ter terminado um casamento e teve dificuldades para conseguir um novo emprego.
Aos 60, o peso da idade chega às mulheres cobrando, além de uma vida estável em todos os aspectos, como uma aposentadoria, também a classificação de que nos tornamos idosas.
Mas hoje, justamente a geração daquelas que nasceram depois de 1963, é a mesma que viveu nos tempos em que nomes como Lélia González, Rita Lee e Leila Diniz, estavam em ascenção como “mulheres à frente do tempo” que, por ventura, criaram um legado por darem voz a tantas outras.
Como é o que acontece com três modelos com mais de 60 anos entrevistadas pela Folha. Duas delas estiveram na última semana de moda de São Paulo e ambas transacionaram de carreira para hoje viverem, exclusivamente, como modelos.
Apesar de passos lentos, dá para ver um avanço. Os cabelos grisalhos e poucos procedimentos estéticos, como gostam de falar, são fotografados com muito orgulho com elas e passam a ser detalhes essenciais para que essas mulheres adentrassem um mercado que, antes, não permitia ninguém com mais de 30.
Li por aqui
Uma reportagem escrita por Natália Santos e Nicholas Pretto mostra, a partir de levantamento da Folha, como a disparidade salarial entre gêneros no Brasil faz homens ganharem até 3,9 vezes mais do que mulheres em mesmo cargo.
Dentre as ocupações que apresentam mais diferença salarial estão no topo as funções de diretoria e gerentes financeiros, de crédito ou de vendas.
A análise foi feita com base na Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2022 e indica disparidade em outros cargos de liderança.
O material mostrou ainda que a disparidade também é frequentemente relacionado a posições ligadas às ciências exatas.
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Surfando na onda da Sade Adu, 65, cantora nigeriana radicada no Reino Unido, que voltou a ditar tendência para as it girls com seu estilo monocromático marcado pelo clássico, e atemporal, batom vermelho, sugiro para quem não conhece, ouvir a banda de mesmo nome da artista: Sade.
Sucesso dos anos 80-90, Sade mistura jazz, soul e R&B e hitou com clássicos como “Smooth Operator” e “No Ordinary Love”. Indico, em especial, o álbum de estreia da banda, “Diamond Life”.
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