O esperado retorno do estúdio aos cinemas foi com o equivocado “Lightyear”, que ninguém deu bola. “Elementos”, do ano passado, não comprometeu mas também não se tornou um marco pop como a maioria dos lançamentos da Pixar, fossem originais ou continuações. “Divertida Mente 2” recupera esse fôlego com louvor, e cravar US$ 1 bilhão das bilheterias parece uma ótima forma de coroar esse retorno.
Tudo isso, claro, não passa de números – e números são frios, estéreis. É importante lembrar que o sucesso de hoje pode mesmo ser apenas resultado de um momento (“Aquaman” e “Capitã Marvel” são filmes de 1 bilhão de dólares). Mais importante ainda é ter em mente que o fracasso de hoje pode ser o filme cult de amanhã. Um bom resultado nas bilheterias pode empolgar os homens do dinheiro, mas o cinema é muito mais do que isso.
O sucesso de “Divertida Mente 2”, vale ressaltar, ainda não é o suficiente para 2024 desligar o alerta. Até junho, as bilheterias nos Estados Unidos haviam despencado em 27% em relação ao ano passado. A falta de um fenômeno pop como o “barbenheimer” desloca a atenção dos cinemas para o streaming – nas últimas semanas minha bolha virtual tem pirado em cima de “The Boys” e “Casa do Dragão”. E nenhum filme em 2024 até agora causou tanto bafafá quanto “Bebê Rena”.
Ter um novo integrante no Clube do Bilhão redireciona o foco, mas é um fenômeno que precisa de continuidade. Talvez “Meu Malvado Favorito 4” possa seguir os primos da Pixar? Quem sabe “Deadpool & Wolverine” seja o respiro que a Marvel precise para recarregar as baterias? “Coringa: Delírio a Dois” terá motor para incendiar a plateia e encantar a crítica? Tantas perguntas, tantas perguntas.
A verdade é que o clube hoje já conta com muitos membros. Ao todo, 53 filmes faturaram mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais, em sua maioria produções associadas a propriedades intelectuais poderosas e turbinados por uma máquina de marketing que transformam um pedaço de entretenimento em evento cultural. Curiosamente, somente um deles abre mão da fantasia para contar uma história, vá lá, ancorada no mundo real: “Titanic”.