Risco de surto de pólio na Faixa de Gaza mobiliza líderes da região – Zonatti Apps

Risco de surto de pólio na Faixa de Gaza mobiliza líderes da região

Após alertas de um possível surto de pólio na Faixa de Gaza, ministros da saúde de toda a região do Mediterrâneo Oriental se uniram para lidar com a emergência no território palestino ocupado.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, destacou a necessidade urgente de uma ação regional coordenada para combater o vírus e convocou uma reunião do Subcomitê Regional de Erradicação da Pólio e Surtos.

Vacinas contra pólio

A agência de saúde da ONU alerta que a confirmação da circulação do vírus aumenta as múltiplas ameaças enfrentadas hoje pelas crianças no enclave, que tinham acesso a serviços robustos de vacinação de rotina antes da guerra.

A OMS aponta preocupações sobre a possibilidade de transmissão generalizada do poliovírus e da poliomielite paralítica. Segundo o chefe da agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, não há registros de casos de paralisia. Philippe Lazzarini lembra que a doença ressurgiu com a interrupção do sistema de saúde, falta de saneamento adequado e abrigos superlotados.

De acordo com as últimas estimativas de imunização de rotina, embora cerca de 99% das crianças no território palestino ocupado tenham recebido a terceira dose da vacina contra a pólio em 2022, esse número caiu para 89% em 2023.

As famílias em Gaza têm apenas acesso limitado a medicamentos e cuidados de saúde

Cessar-fogo

Com os dados, os participantes da reunião fizeram um apelo unânime às partes e aos líderes de toda a região do Mediterrâneo Oriental, incluindo os envolvidos no conflito no território palestino ocupado, por um cessar-fogo ou dias de tranquilidade, para que sejam tomadas medidas para impedir que a pólio paralise crianças em Gaza e nas áreas e países vizinhos.

Para a OMS, a detecção da poliomielite em Gaza é outro lembrete preocupante das “condições terríveis” que as pessoas estão enfrentando. A agência lembra que o conflito contínuo dificulta os esforços para identificar e responder a ameaças à saúde que podem ser evitadas, como a pólio.

Situação no terreno

A Unrwa também publicou em suas redes sociais nesta sexta-feira que 90% das pessoas em Gaza foram deslocadas à força. As famílias buscam abrigo nas escolas superlotadas, em prédios que foram destruídos ou tentam armar barracas em meio a areia e pilhas de lixo.

A coordenadora sênior de reconstrução e ajuda humanitária das Nações Unidas para Gaza, Sigrid Kaag, está no enclave e deve visitar maternidades e outros locais administrados pelo Fundo de População da ONU, Unfpa.

Cerca de 190 escolas e outras instalações geridas pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, foram gravemente danificadas em ataques aéreos israelitas desde o início da guerra, em 7 de outubro

Cerca de 190 escolas e outras instalações geridas pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, foram gravemente danificadas em ataques aéreos israelitas desde o início da guerra, em 7 de outubro

Conselho de Segurança

Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança voltou a se reunir para debater a situação em Gaza. A vice-comissária-geral da Unrwa, Antonia de Meo fez três apelos ao órgão: cessar-fogo, proteção do mandato da agência e uma solução pacífica para o conflito.

Em sua mensagem, ela lembrou que 199 funcionários da Unrwa foram mortos nos últimos nove meses. Meo afirmou que o papel da agência deve permanecer fundamental inclusive dentro da estrutura de uma transição.

Para ela, a Unrwa deve continuar prestando serviços até que uma solução política seja alcançada. Por isso, a entidade precisa de apoio político e financeiro para continuar sua “tarefa vital” de atender a uma das comunidades mais vulneráveis do mundo.

Acesso humanitário

O vice-coordenador especial para o processo de paz no Oriente Médio, Muhannad Hadi, também esteve na reunião e reforçou que desde outubro a ONU vem pedindo repetidamente por um cessar-fogo, capacidade de levar ajuda aos palestinos no enclave e a liberação imediata dos reféns.

Ele destacou que, a ajuda humanitária, por si só, não pode sustentar uma população que carece de todos os serviços básicos e utilitários, especialmente sob as condições prevalecentes em Gaza.

O representante da ONU concluiu afirmando que qualquer que seja a forma que o conflito possa tomar no futuro próximo, os trabalhadores humanitários devem poder acessar com segurança as populações necessitadas onde quer que estejam em Gaza.

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