O uruguaio Alvares, que assina os bons “A Morte do Demônio” e “O Homem nas Trevas”, optou pelo caminho seguro. Com zero ambição para expandir a mitologia – o que nos livra de novos “Prometheus” ou “Alien: Covenant” -, ele retornou ao tom da produção original, um filme de casa mal assombrada espacial, e partiu dele para construir a espinha dorsal de sua história.
No centro está Rain (Cailee Spaeny), que sobrevive em uma colônia de mineiros nos rincões do espaço ao lado de Andy (David Jonsson), andróide programado para agir como seu irmão. A vida no lugar é miserável, com colonos trabalhando até a morte para a poderosa corporação Weyland-Yutani – destino dos pais da jovem. Rain sonha com o Sol escondido atrás da atmosfera espessa e vê esse futuro esmagado pela burocracia que a mantém presa à superfície.
A possibilidade de partir vem com Tyler (Archie Renaux), seu ex-namorado, que compartilha a existência de uma estação espacial abandonada na órbita da colônia. O lugar pode guardar câmaras criogênicas, ferramenta essencial para viagens espaciais de longa duração, que possibilitariam a fuga para um sistema planetário menos opressor. Tyler, ao lado de sua irmã Kay (Isabela Merced), do primo Bjorn (Spike Fearn) e da companheira deste, Navarro (Aileen Wu), pretendem invadir a estação e se apossar das câmaras. Para isso, eles precisam de Andy.
É na estação espacial que “Romulus” expõe sua vocação para minar o melhor de “Alien” e de “Aliens”. Do primeiro vem o despreparo da equipe para enfrentar uma ameaça absolutamente brutal e desconhecida na forma do Xenomorfo, criatura que aqui tem laços estreitos com os eventos do filme de Ridley Scott. Já do segundo, Alvarez empresta o fetiche pelo hardware e a militarização dos protagonistas quando o perigo se multiplica.
“Romulus” só esfria quando coloca na mistura, sem a menor necessidade, recortes de outros exemplares menos festejados da série. Em especial “Prometheus” (a trama tem um desvio que busca dar propósito às criaturas) e “Alien: A Ressurreição” (o clímax divisivo mira na culminação do medo pela violação física, mas acerta em uma bizarrice difícil de engolir).