O resultado dessa primeira investida da Max em novelas é uma obra feita sob medida para quem ama esse gênero e busca um entretenimento que não exija tanto do cérebro, o que não é necessariamente ruim. Com um elenco formado por rostos conhecidos do público, a Max marcou um golaço ao produzir uma novela com jeito de novela e ritmo de novela.
O texto de Raphael Montes é ágil na medida certa, a história tem tempo de se desenvolver e os diálogos vêm recheados de expressões, como “Capirota” e “My love”, que Camila Pitanga fala recorrentemente, que parecem ter sido criadas para viralizar nas redes sociais e se tornarem memes.
A novela, aliás, parece ter sido feita sob medida para Camila Pitanga brilhar. Apesar de, em muitos momentos, “Beleza Fatal” carregar nas tintas, a vilã Lola não é aquela figura maquiavélica estereotipada. Camila traz não apenas humor para a personagem, mas também um certo nível de humanidade. Apesar de suas atitudes questionáveis, a ambição de Lola é identificável e nutrimos certa empatia por ela.
Quem também está muito bem em “Beleza Fatal” é Giovanna Antonelli, que ganhou a chance de explorar uma faceta de seu talento que a Globo não privilegiava tanto: o humor. Vivendo uma suburbana trambiqueira, ela tem o seu melhor papel desde “A Regro do Jogo” (2015) e rouba as cenas ao lado do sempre eficiente Augusto Madeira, um profissional que deveria aparecer com mais frequência nas produções da TV e do streaming.
“Beleza Fatal” tem cara de Globo e possui qualidade de produção e uma história envolvente que SBT e Record não conseguem apresentar há tempos. Se seguir investindo no gênero e acertar como fez em “Beleza Fatal”, as obras da Max podem ser a solução para revitalizar a teledramaturgia diária de canais abertos.
A Band já se adiantou e comprou os direitos de exibição de “Beleza Fatal”. Nada impede que, a curto prazo, a plataforma estabeleça uma parceria para produzir novelas que tenham como segunda janela a TV aberta. Essa “sociedade” seria um “ganha ganha”. A Max teria um reforço financeiro e a TV aberta receberia um produto para competir em pé de igualdade com os folhetins da Globo. É aguardar e ver os desdobramentos que “Beleza Fatal” terá em nossa dramaturgia.