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entenda os mistérios do terror de Jordan Peele

“Não, Não Olhe” já chegou aos cinemas brasileiros e o mais novo filme de terror de Jordan Peele cria diversos mistérios ao decorrer da produção, assim como aconteceu com o premiado “Corra!” (2017) e em “Nós” (2019). E por mais que se explique diversas dessas charadas, há algumas que ficaram no ar.

O título mais recente acompanha a família Haywood, dona de um rancho especializado em cavalos treinados para aparecerem em filmes de Hollywood. O local é um dos mais notórios da indústria cinematográfica e o único comandado por pessoas negras, mas a vida dos irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer) sofre uma grande reviravolta quando o pai dos dois morre em um estranho acidente e uma figura misteriosa começa a aparecer no céu.

Até aí, tudo certo. E seria apenas mais um filme de terror, mas Peele entrega mais questões que podem ter significados maiores. Para ajudar a entender melhor, Splash explicou abaixo algumas teorias sobre “Não, Não Olhe”. Cuidado com os spoilers!

Alerta de Spoiler Splash

Imagem: Arte UOL

Enredo

No filme, OJ e Emerald descobrem que não estão enfrentando uma nave espacial, daquelas que estamos “acostumados” a ver nos longas de ETs. Aqui, se trata de uma criatura alienígena gigante.

Como eles percebem isso? Pois o “monstro” se alimenta apenas de matéria orgânica, ou seja, pessoas e cavalos. Todo o resto ele acaba cuspindo de volta à Terra.

Em um desses vômitos da criatura, uma moeda acerta o pai de OJ, o matando no início do filme.

A partir dessa descoberta, o personagem de Kaluuya entende que, por se tratar de uma espécie de “animal intergaláctico”, é possível que ele tenha o mesmo comportamento de bichos terrestres, mais precisamente seus cavalos.

Logo no começo de “Não, Não Olhe”, OJ fala para que não olhem diretamente nos olhos de seus animais. Então, ao desenrolar, ele entende que o invasor do outro mundo funciona da mesma maneira, junto com a irmã e com o vendedor da loja de eletrônicos, Angel (Brandon Perea), bolam um plano para conseguir vencer a criatura.

Metáfora

É possível que exista uma metáfora em “Não, Não Olhe”, que associa Hollywood com o monstro alienígena. Um ditado popular americano diz: “Hollywood chews people up and spits them out”, algo como “Hollywood mastiga pessoas e as cospe”. Então, é possível entender como uma crítica à indústria, que destrói aqueles que entram.

NOPE

A versão original do filme é “NOPE”, que é um jeito irreverente de se dizer “não” em inglês. A tradução oficial do título ficou “Não, Não Olhe” e acabou desagradando uma boa parte do público. Isso porque, como explicamos acima, o nome brasileiro é um spoiler da resolução do longa. Uma pena.

Como está todo em caixa alta, “NOPE” também pode ser entendido como uma sigla. Há quem teorize que quer dizer “Not Of Planet Earth” (não é do planeta Terra, em tradução livre), o que faz bastante sentido se pensarmos no que nos é apresentado no filme.

Gordy

A história do chimpanzé Gordy é a mais misteriosa — e perturbadora — do filme. Por um lado, porque é um primata que surta durante a gravação de uma série de TV e mata quase todos os presentes; por outro, porque não há muitas explicações sobre o que aconteceu.

Interpretado por Steven Yeun, Ricky Jupe — dono do rancho vizinho dos Haywoods — foi o único sobrevivente do massacre promovido por Gordy e, por meio de flashbacks que acontecem ao longo do filme, vamos assistindo ao que aconteceu. Em determinado momento, vemos que há um sapato flutuando no cenário da chacina.

Qual a explicação e conexão disso tudo? Não dá para saber diretamente, mas é possível teorizar que, por Jupe ter se escondido debaixo da mesa, não olhou diretamente nos olhos do símio e, por isso, está vivo. Assim como a maneira de sobreviver à grande ameaça alienígena do filme.

'Não, Não Olhe' conta cenas pertubadoras - Divulgação/ Universal - Divulgação/ Universal

‘Não, Não Olhe’ conta com cenas perturbadoras

Imagem: Divulgação/ Universal

Bíblia

“Não, Não Olhe” começa com um versículo da Bíblia, escrito por Naum, que diz: “Vou jogar sujeira sobre você, tratá-la com desprezo e transformá-la em espetáculo”.

A ligação da frase com o que acontece no filme é bastante explícita, principalmente com “jogar a sujeira sobre você”, que é exatamente o que a criatura faz: digere a matéria orgânica e se livra do que não consegue.

Quanto ao espetáculo citado, é possível associá-lo ao show desenvolvido por Ricky Jupe no qual cavalos são usados de iscas para atrair o alienígena e entreter o público. Uma das últimas vezes, o monstro leva a todos os presentes, menos o equino.

Racismo

Para o público geral, Jordan Peele se tornou sinônimo de filme que tratará de racismo. No entanto, dessa vez, a crítica social não ficou muito clara e é possível que há quem acredite que ela nem mesmo existe.

Em entrevista à CBS, o diretor falou sobre a produção e como gostaria de ver personagens negros como protagonistas: “Em primeiro lugar, eu queria fazer um filme de terror sobre alienígenas. E então, claro, é como, onde está o icônico filme de ETs com negros? E sempre que sinto que meu filme favorito não foi feito, eu tento preencher esse vazio com meus filmes.”

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