O bicentenário da independência do Brasil foi marcado por atos pró-governo nas principais capitais do país. Em Brasília, foi realizado um desfile cívico-militar com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, seu vice na chapa, general Braga Netto, e ministros de Estado. O Palácio do Planalto estima que mais de 1 milhão de pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios para comemorar o 7 de Setembro.
Após o desfile, em Brasília, Bolsonaro discursou para os apoiadores, ocasião na qual exaltou programas sociais implantados durante o governo — como o Auxílio Brasil —, comentou a diminuição no preço da gasolina e afirmou que “joga dentro das quatro linhas” da Constituição, em referência às eleições de outubro.
“O povo está do lado do bem e sabe o que quer”, comentou. “Aqui em Brasília, temos a origem de todas as leis, e estou muito feliz em ter ajudado a chegar até vocês a verdade e mostrado que o conhecimento também liberta. Hoje, todos sabem o que é o Poder Executivo, a Câmara dos Deputados, o Senado e o Supremo Tribunal Federal”, disse.
São Paulo
Em São Paulo, manifestantes se reuniram na avenida Paulista para demonstrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Mais cedo, houve um desfile cívico-militar na avenida Dom Pedro 1º, no bairro do Ipiranga, para celebrar o Bicentenário da Independência do Brasil. Assim como em Brasília, o desfile foi o primeiro após o início da pandemia de Covid-19.
Rio de Janeiro
Depois de participar do desfile em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro segue para o Rio de Janeiro para uma cerimônia em comemoração ao Bicentenário da Independência, em Copacabana. Não haverá desfile no local.
Rainha Elizabeth
O Bicentenário da Independência do Brasil foi lembrado pela rainha Elizabeth, do Reino Unido, que enviou felicitações ao presidente Jair Bolsonaro e ao povo brasileiro. A mensagem foi divulgada pela embaixadora interina da Grã-Bretanha em Brasília, Melanie Hopkins, em sua conta no Twitter (veja abaixo).
Na mensagem, a rainha recorda a viagem que fez para o Brasil em 1968: “Em meio à celebração da importante ocasião dos 200 anos de Independência, gostaria de parabenizar Vossa Excelência e enviar minhas felicitações ao povo da República Federativa do Brasil, lembrando com carinho minha visita ao país, em 1968. Que continuemos trabalhando com esperança e determinação para superar os desafios globais juntos”.
Ambulantes ganham até R$ 10 mil
A concentração de pessoas nas celebrações dos 200 anos da Independência beneficiou ambulantes, que aproveitaram a data para faturar. Em Brasília, houve quem esperava ganhar até R$ 10 mil, como em eventos passados, caso de Luzimar Oliveira Filho, de 52 anos. Ele trabalha como ambulante no país inteiro, em diferentes tipos de eventos e manifestações. “Para mim, o público não faz diferença. O dinheiro é o mesmo”, diz.
Sérgio Caetano, de 33 anos, que vendia bandeiras e camisetas na Esplanada dos Ministérios neste sábado (3), conta que, no ano passado, obteve R$ 5 mil em produtos na manifestação de 7 de Setembro.
Veja como o Brasil mudou em 200 anos
Expectativa de vida de 25 anos, escola apenas para brancos e refeições baseadas em poucos alimentos: passados 200 anos do episódio em que dom Pedro 1º declarou a Independência da coroa portuguesa, muita coisa mudou no Brasil e no mundo. Para historiadores ouvidos pelo R7, o país avançou em ciência, acesso a saúde e educação, mas ainda mantém as chagas da desigualdade social.
“Nestes 200 anos, tudo mudou muito. O homem do século 19 estava mais próximo do modo de vida de um homem da época de Cristo do que de um homem da nossa época. O avanço tecnológico e da ciência foi muito grande”, comenta o professor e historiador Alex Catharino, da Fundação da Liberdade Econômica (FLE).
Quando dom Pedro 1º declarou a Independência, o Brasil tinha entre 4,5 milhões e 4,8 milhões de habitantes, e um terço dessa população era de escravos. Isso significa que a densidade demográfica de todo o país era menor do que a do estado de Goiás, que em 2022 tem população estimada em 7,2 milhões de pessoas. Hoje, o Brasil tem 215 milhões de habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — um salto de 4.200% em 200 anos.