Uma das notícias mais comuns desta campanha eleitoral é a violência. Há alguns assassinatos, pancadarias e ataques como esses liderados por Jair Bolsonaro (PL) contra a jornalista Vera Magalhães.
No mais, qual o “debate”? Ganhar eleitores evangélicos; a tentativa do bolsonarismo de apagar décadas de imundícies contra mulheres e a humanidade; a campanha das cartas democráticas, que amorteceu a ofensiva golpista; o efeito do Auxílio Brasil na votação.
Sim, há realidades que determinam resultados, como o voto de classe e fome, a influência dos novos poderes sociais e políticos, uma nova divisão regional do voto, a propensão dos mais velhos e muito jovens a votar em Lula da Silva (PT). Mas o que é tema de conversa?
Não parece haver uma onda grande de mortes motivada diretamente pela política partidária, apesar de a pistolagem estar solta nos cafundós onde se caçam, à bala, a ferro e a fogo, indígenas, sem-terra e ambientalistas, aquele massacre que fingimos não ser política. Mas há morte político-partidária, há ameaça, há medo, como houve medo de sair à rua no 7 de Setembro do Bicentenário e no de 2021. Há o grande medo de um futuro sob autocratas ignorantes.
Como fazer truques para ganhar ou não perder votos de evangélicos é mais um assunto central. Os líderes do partido evangélico-bolsonarista fizeram diferença na votação extra de Bolsonaro, no último par de meses.
Feminismo é um tema, mas por motivos em geral torpes ou degradantes. Bolsonaro afirmou que “pisou na bola” ao dizer um dia que deu uma “fraquejada” por ter uma filha, para em seguida explicar, a sua maneira imbecil e asquerosa, que isso é resultado de uma “brincadeira comum entre homens”. A brincadeira: perguntar se um futuro pai vai ser “consumidor” (de mulheres) ou “fornecedor” (por ter uma filha “para consumo”).
Não é, propriamente, um debate sobre o que fazer de desigualdades, discriminações e opressões diversas contra a diversidade humana.
Em suma, Bolsonaro tenta dar algum golpe a fim de apagar décadas de atrocidades, entre elas ameaças de estupro. Por exemplo, “arrepende-se” por ter “aloprado” quando afirmou não ser coveiro, indiferente ao morticínio que ajudou a promover no pior da epidemia. Foi apenas nisso que “deu uma aloprada” _o restante de sua carreira de crimes contra a decência humana básica não importa.
Mas vemos extensas discussões no comentarismo tolo e oficioso sobre a “moderação” de Bolsonaro na campanha e em debates, uma fraude propagandeada pelo governismo e regentes do Centrão.
O que mais há no “debate público” da eleição, ao menos o mais midiático ou que rende fofoca extensa em rede social? Temos um referendo radical de Bolsonaro, uma espécie de júri popular de Lula e torpezas. Nem corrupção foi bem assunto, apesar de esforços jornalísticos. O PT tem telhado de vidro e prefere não jogar no ventilador a ficha corrida dos Bolsonaro.
Economia? Será assunto de algum acordão ou acordinho, a partir de outubro, se Lula ganhar, ou vai seguir nos solavancos do trem-fantasma do bolsonarismo, talvez decorado com uma caveira de Pinochet, genocida, assassino, falsário e ladrão, mas “liberal”, como dizem alguns economistas.
Nem com a fumaça da Amazônia e do Cerrado empesteando o ar e o mundo rico ameaçando sanções a gente trata de ambiente na campanha. Reforma partidária? O que fazer do Supremo, que segurou algumas pontas nesta era de trevas, mas está muito politizado e fora da casinha? Como mandar militares para o quartel?
Sim, campanhas costumam ser baixas e o nível foi baixando cada vez mais rápido a partir de 2010. A de 2022 é um pote meio vazio e meio cheio de imundície.
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