O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) restaurou 38 peças do mobiliário original do Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente da República, e da Residência Oficial da Granja do Torto, casa de campo do chefe do Executivo federal. O projeto está em fase final e os bens devem ser entregues nas próximas semanas.
Os itens, que incluem cadeiras, poltronas e sofás, são da década de 1960 e estavam fora de uso por conta do estado de deterioração. As peças são de artistas renomados, como o brasileiro Sérgio Rodrigues, o polonês Jorge Zalszupin, o alemão Karl Heinz Bergmiller e os italianos Afra e Tobias Scarpa.
Os trabalhos, feitos pelo Núcleo de Pesquisa em Mobiliário Moderno Brasileiro do campus de Samambaia, tiveram início em março de 2021. Veja alguns dos móveis antes e depois da restauração:
O processo de restauração inclui procedimentos de identificação do objeto, levantamento e reconhecimento das patologias nos materiais, como madeira, couro, palhinha e metais. Em seguida, é feita análise de conservação, com testes de limpeza, fixação, consolidação, nivelamento e pigmentação. Após essas avaliações, são definidas as metodologias de intervenção na restauração dos bens.
Há, ainda, etapas de visitação, registro fotográfico e pesquisas de campo em arquivos e inventários. Em seguida, é feito o diagnóstico sobre o estado de conservação dos itens e a preparação de fichas de arquivo com informações básicas. Os móveis restaurados são considerados de estilos anteriores ao modernismo.
A oficina-escola que cuida dos itens do Planalto e da Granja do Torto é composta por 14 pessoas. O grupo, coordenado por professores do instituto, tem participação de ex-estudantes, comunidade externa e alunos do ensino médio integrado ao curso técnico em design de móveis e do curso superior de tecnologia em design de produtos do IFB de Samambaia.
Um dos coordenadores do núcleo, o professor Fred Hudson contou ao R7 que é o segundo acordo de cooperação com a Presidência da República, embora haja parcerias constantes com outros órgãos. Eles têm o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“A primeira foi na época do [ex-presidente Michel] Temer [MDB], quando ele não morava lá e o Palácio da Alvorada estava desabitado. Fizemos a reformulação de interiores restaurando o [design] original, feito pelo Ana Maria Niemeyer. Restauramos muitas peças e recompusemos o mobiliário original, inclusiva na suíte presidencial e partes íntimas”, afirma o professor.
De acordo com Hudson, uma nova parceria, dessa vez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está em andamento. “Ainda estamos sem saber [como será o futuro projeto]. Eles estão chegando agora, vamos ver como vai ser. Esperamos poder contribuir e estamos à disposição”, declara, acrescentando que, antes de dar início, de fato, à restauração, é preciso estabelecer prioridades.
“A primeira etapa do projeto é a identificação, junto com a Coordenação de Patrimônio da Presidência, dos móveis que precisam com mais urgência de restauração e conservação. Às vezes, o item precisa apenas de higienização, sem intervenção mais profunda”, observa.
A restauração por meio de intervenções diretas em itens deteriorados é feita para recuperar a integridade física e estética sem que as alterações interfiram nos valores histórico, artístico e cultural dos móveis.