No dia 02 de fevereiro de 1997, há exatos 26 anos, o Brasil se despedia – inesperadamente – de um dos maiores nomes de sua música: o cantor e compositor pernambucano Chico Science, vítima de um acidente de carro, com apenas 30 anos de idade.
Alquimista dos sons
Natural de Olinda, seu nome de nascimento é Francisco de Assis França. O Science entrou como nome artístico porque ele sempre gostou de mexer com a alquimia dos sons, como um cientista.
Chico cresceu ouvindo ritmos nordestinos como coco, ciranda, maracatu e embolada, mas também gostava muito de rock, hip-hop (fez parte de um dos principais grupos de dança de rua do Recife), jazz e soul music americana (uma das suas maiores influências era James Brown).
Vida e Carreira
Foi dessa mistura que surgiu, em 1991, a banda Chico Science & Nação Zumbi – da qual era líder – e que fazia um som revolucionário, com canções energéticas, muito bem elaboradas, que mesclavam funk rock com maracatu, embolada, psicodelia e música Afro.
Com a banda, ele lançou dois álbuns que conquistaram Disco de Ouro:
- Da Lama ao Caos (de 1994, considerado pela revista Rolling Stone Brasil o 13º melhor disco brasileiro de todos os tempos);
- e Afrociberdelia (de 1996, que também entrou para lista dos 100 melhores discos da música brasileira de todos os tempos, na posição 18).
Chico Science e o Manguebeat
Chico Science foi também um dos principais colaboradores do movimento de contracultura Manguebeat nos anos 90.
O movimento – que teve início com o Manifesto Caranguejos com Cérebro, escrito por Science e Fred Zero Quatro (do grupo Mundo Livre S/A), em 1991 – além de trazer as inovações musicais já citadas, também preza pela valorização das culturas regionais nordestinas, pelo desenvolvimento de um senso local de identidade própria para a criação de melhores condições de vida da população da região e pelo estado de conservação do manguezal e sua melhor exploração.
O Manguebeat é representado por um caranguejo – animal típico dos mangues e fonte de alimentação para as comunidades locais – e também por uma antena parabólica na lama, que mostra – além presença da tecnologia como marca do movimento – que os caranguejos presentes no manguezal estavam antenados com tudo que acontecia ali.
O grupo se identifica com o movimento estético afrofuturismo, que une elementos africanos e ficção científica, e influenciou uma geração de artistas que veio depois.
CSNZ
Depois da morte de Chico Science, a banda Nação Zumbi (que segue firme até os dias de hoje) lançou um disco em homenagem ao artista: o CSNZ, de 1998.
É um álbum duplo com canções inéditas de estúdio, gravadas ao vivo com Chico e remixagens das suas músicas segundo visões de nomes como David Byrne e Arto Lindsay. No final, há ainda uma canção feita especialmente para Science, pelo pelo músico inglês Goldie: Chico – Death of a Rockstar.
Também depois de sua morte, Chico Science ganhou algumas homenagens pelas ruas de Recife: além de um Memorial formado por três salas, que conta a sua história, há uma estátua sua na Rua da Moeda, no Recife Antigo, e um caranguejo metálico gigante na Rua Aurora, onde morou.
Os principais sucessos na voz de Chico Science
Entre os principais sucessos em sua voz, estão:
- Banditismo por Uma Questão de Classe;
- A Cidade;
- A Praieira;
- Samba Makossa;
- Da Lama Ao Caos;
- Risoflora (essa e todas as canções acima são composições solo suas);
- Maracatu Atômico (de Jorge Mautner e Nelson Jacobina);
- Manguetown (parceria de Chico Science com Lúcio Maia e Dengue);
- e Macô (parceria dele com Jorge Du Peixe e Eduardo BiD).
Chico Science é para sempre!